EXCLUSIVO! Aluna da UESB que emocionou Lula no lançamento do novo Bolsa Família fala com a MEGA

Isamara da Silva é de Cândido Sales e estudou Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Foto: Ricardo Stuckert/PT


Aluna do curso de Ciências Biológicas e "doutora em formigas" pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Isamara da Silva fez um discurso emocionante no lançamento do novo Bolsa Família.

Natural de Cândido Sales, ela e sua família composta pelo pai, mãe e duas irmãs foram beneficiadas pelo programa. Uma história de vida semelhante à de outras tantas famílias brasileiras que, graças ao Bolsa Família, conseguiram ter comida na mesa e, assim como com Isamara, realizaram o sonho de estudar e se formar para se tornarem grandes profissionais.

No lançamento do novo Bolsa Família, rebatizado após uma mudança feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que passou a chamar o programa de "Auxílio Brasil", a bióloga contornou como a sua história e da sua família mudou após conseguirem o benefício. Do sofrimento e luta dos pais até se tornar doutora, Isamara teve uma caminhada de superação que, hoje, é "guiada pelas formigas", como ela mesma disse.

Ao fim do discurso ela ganhou um longo abraço do emocionado presidente Lula e também conversou com a reportagem da Mega Rádio VCA . Confira o bate-papo:

MEGA -  Você é natural de Cândido Sales, certo? Foi lá que você fez a educação básica?

R:  Sou sim, nascida e criada em Cândido Sales. Foi lá que concluí a educação básica sim.

MEGA - Quando você ingressou na Uesb e qual foi a sensação?

R:  Passei no vestibular em 2012. Eu sabia que a partir daquele momento eu estava mudando o rumo da minha história, pois caso não passasse no vestibular eu teria que trabalhar na minha cidade, e talvez não tivesse a oportunidade de continuar os estudos e muito menos seguir com uma carreira acadêmica.

MEGA - As suas outras duas irmãs também possuem graduação no ensino superior?

R:  Sim. Ambas em Pedagogia pela UESB. Minha irmã mais velha foi a primeira da família a concluir o ensino básico e entrar na universidade. Hoje ela também faz doutorado na UESB.

MEGA - Em que ano você se formou? Quando concluiu o mestrado e, posteriormente, o doutorado?

R:  Me formei em 2016, e em seguida, no mesmo ano, passei no mestrado. Concluí o mestrado em 2018, já com a aprovação para o Doutorado, e defendi a tese em Janeiro desse ano, 2023.

MEGA - Mestrado e doutorado também foram realizados na Uesb?

R:  Não, tanto o mestrado como o doutorado eu fiz pela USP de Ribeirão Preto (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), na pós-graduação de Entomologia.

MEGA - Qual sua ocupação atual?

R:  Como defendi o doutorado muito recentemente (27/01/23), no momento estou tirando um tempo para trabalhar nas minhas publicações da tese e elaborando um projeto para tentar o Pós-doc. Mas tenho interesse em trabalhar com educação, se possível um dia, como professora.

MEGA - Qual a importância de programas como o Bolsa Família? 

R:  O Bolsa Família, juntamente com outros programas sociais, nos dá a oportunidade de acessar coisas básicas que acabam se tornando muito humanas. Programas como esse oferecem as oportunidades que nos foram por muito tempo negadas. Como falei no meu discurso, é a importância de de repente em um ano você poder comprar pela primeira vez um caderno de capa dura, e isso se tornar um motivo suficiente para a criança querer estudar, como aconteceu comigo e minhas irmãs. E quando a gente passa a ter acesso a outros espaços e informações, que vamos descobrindo que nós também podemos estar e ocupar os diferentes lugares na sociedade.

MEGA - Agora como cientista, como você enxerga os impactos do último governo para a ciência e o que espera para os próximos 4 anos?

R:  Fiz o doutorado durante o último governo, e confesso que foi devastador, primeiro por ter vivenciado de perto os cortes de recursos para ciência/pesquisa e educação, que inclusive teve benefícios para o andamento de muitos projetos na pós-graduação. Além disso, a falta de perspectiva foi desmotivadora, pois não havia bolsas de pós-doc e nenhum concurso. Tive muito medo de terminar o doutorado naqueles dias. Hoje, felizmente, o novo governo já se iniciou investindo em pesquisa e educação, com o reajuste das bolsas de fomento e verba para projetos de pós-doutorado.

MEGA - Última pergunta: Por que insetos? E por que formigas?

R:  Os insetos também apareceram pra mim como uma oportunidade. Eu precisava da bolsa de iniciação científica para me manter na Conquista. Naquele momento, um prof. Michele Martins e prof. Lenira, do curso de biologia da UESB, me ofereceu uma bolsa para que eu trabalhasse com elas no laboratório de ecologia, e a pesquisa era com formigas endêmicas da Caatinga. Durante a pesquisa fui me apaixonando pela história natural e comportamental das formigas.

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