Em sessão no Dia Municipal da Cultura, Câmara de Vereadores realiza entrega das medalhas de Mérito Cultural Glauber Rocha

Jeremias Macário recebendo a medalha de mérito cultural Glauber Rocha. Foto: Danilo Souza
  • Danilo Souza
  • Atualizado: 05/04/2024, 08:42h

Na sessão desta sexta-feira (5) da Câmara de Vereadores foi comemorado o Dia Municipal da Cultura, marcado pela entrega das medalhas de mérito cultural Glauber Rocha. Neste ano, Jeremias Macário, que organiza o sarau "A Estrada", com atividades artísticas em Vitória da Conquista há quase 15 anos, e a Yalorixá Naza de Oyá, representando o Projeto Social Maria Nilza, foram os escolhidos para serem homenageados. 

Em anos anteriores, o Dia Municipal da Cultura foi comemorado em 14 de março, dia do nascimento do cineasta Glauber Rocha. A data foi estabelecida através da Lei nº 1.367. Porém, neste ano, a solenidade aconteceu em 5 de abril. O motivo não foi explicado. 

Em nome do Projeto Maria Nilza, a Yalorixá Naza de Oyá, após receber a medalha, usou o espaço para agradecer pelo prêmio, mas também fez críticas sobre o que ele significa na prática do dia a dia. Ela afirma que não irá deixar que o projeto se torne um “cabide de voto” neste ano eleitoral.

“Eu sou social ‘na veia’ e não aceito o Projeto Maria Nilza usado como cabide de voto. Quantos vereadores eu procurei e não me abraçaram porque eu sou negra, sou periférica e não tenho nenhuma formação? Eu não fui abraçada porque eu sou uma ‘macumbeira’, que é o termo pejorativo que eles usam. Eu fui abraçada por esse homem (vereador Valdemir Dias, do PT) que não estava em época eleitoral”, disse Naza.

Yalorixá Naza de Oyá com a medalha de mérito cultural Glauber Rocha. Foto: Danilo Souza

O segundo homenageado do dia, o Sr. Jeremias Macário, lamentou a pouca quantidade de público durante a sessão, deixando a entender que mesmo com a iniciativa do Dia Municipal da Cultura, o propósito ainda não foi alcançado. Menos da metade das cadeiras do plenário estavam ocupadas. Além de agradecer pelo prêmio, Jeremias fez um breve resumo sobre sua jornada, iniciada como jornalista na cidade e posteriormente se tornando um nome ativo na Cultura conquistense.

“Eu quero só dizer que eu estou recebendo, mas é em nome do nosso sarau. Nosso sarau é aberto a todos e tem a participação de jovens, estudantes, intelectuais, pessoas e artistas de um modo geral, e talvez seja um dos pioneiros de Vitória da Conquista!”

Os vereadores presentes tiveram direito a fazer um pronunciamento a respeito do tema ainda no início da sessão. Entre eles, Ricardo Babão (PCdoB), que faz parte do Conselho de Cultura do município. Sua principal sugestão foi realizar a separação das Secretarias de Cultura e de Esporte, que atualmente funcionam em conjunto, dando o devido foco a cada uma. O vereador relatou, também, que “Conquista é um celeiro de artistas muito importantes”.

Já Alexandre Xandó (PT) entende que é sim relevante ter um Dia Municipal da Cultura no calendário, mas, segundo ele, nada tem mudado desde então. “Essa é a quarta sessão [do Dia] da Cultura que eu atuo e, infelizmente, parece que é um déjà-vu. É a mesma coisa em toda sessão [...]”. Ainda durante sua fala, Xandó apresentou seu ponto de vista sobre a sugestão feita por Babão momentos antes.

“Quando se fala em divisão de uma Secretaria de Cultura e uma de Esporte, do que adianta separar secretarias sem orçamento? Porque o que a gente ouve da Secretaria de Cultura todos os dias é ‘não tem orçamento’. Quem bate nas portas da Sectel (Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer) para pedir apoio escuta que não tem orçamento!”, comentou o vereador do PT.

Artistas locais de Vitória da Conquista também foram convidados a se pronunciar no plenário. O cantor Vitor Mariá relatou que “às vezes, a Cultura caminha por um lugar que não chega na população” e em tom de desabafo completou: “até quando nós vamos tratar a Cultura como algo seletivo, como algo não palpável?”, enquanto Alex Alves Reis, que também é um artista local, cobrou uma maior presença do Legislativo em eventos culturais da cidade e pediu para que “tenham um olhar mais carinhoso com a Cultura”. 

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