Consciência: Tá faltando refletir no Cristo...

  • Laís Sousa

Foto: Rogério Coutinho / TV Globo

Taylor Swift conquista fácil nossos corações e, em uma dimensão paralela, sinto que seríamos BFFs. A loirinha que demonstra ser atrapalhada e gente-como-a-gente em suas aparições foi recepcionada com homenagem no principal ponto turístico do país no Rio de Janeiro como nenhum dos nossos artistas jamais foi, diga-se de passagem. Mas precisamos falar de algo mais profundo que precisamos refletir no e por Cristo: A dimensão real da falta de “consciência” no Brasil em pleno novembro.

Não, não é nada mesmo contra a cantora e sua homenagem, talvez muito contra a idolatria e a produtora gananciosa que proíbe entrada de água e fecha dutos de ar com tapumes num calor “de matar”… mas o fato é que lembro-me de ter assistido ao vídeo/gatilho que não recebeu a devida atenção de todos nós. A policial "de folga" cruzando os braços diante de um "civil" armado que ameaçava tirar a vida de um menino negro. Roubo ou não, a sentença nunca deveria ser a perda de uma vida. Preciso perguntar se todos os ladrões por aqui pagam com a vida?! Fiquei naquela indecisão interna entre "falo-não falo", "melhor não, mas pqp", “eles são brancos, que se entendam…”, mas a verdade é que não dá para ser mais uma omissa nessa história!

Reflete São Paulo, que poderia ser no Rio (cidade maravilhosa cuja criminalidade mata até turista) ou na Bahia também… reflete no Cristo e por Cristo! Novembro, mês de consciência, é um alerta para todos nós. A "profissional da segurança pública" fez muito ao não fazer nada. Cruzar os braços para o menino e chutá-lo, reagindo apenas quando questionada pelo jornalista sobre sua omissão, é escolher um lado. O que sequer deveria existir…

De omissão deles e omissão nossa, o racismo continua no palco. Não temos nem mais lugar para o tanto que o racismo tem espaço nesse nosso "território africano" capaz de fazer o africano se perceber e reconhecer negro por constante discriminação. Poderia trazer dados atualizados do IBGE, se não fossem de 2018. Racismo aqui é o que bem tem!

Se não dá mais para adiar refletir essa questão, talvez algumas leituras profundas nos desafiem:

Em "Pele Negra, Máscaras Brancas", Frantz Fanon explora as complexidades psicológicas e sociais do racismo, destacando como as pessoas negras são submetidas a estereótipos e discriminação. A cena do vídeo é uma expressão concreta das situações descritas no livro, nas quais indivíduos negros são alvo de violência e ameaças, afetando profundamente sua psique e autoimagem. O autor discute como o racismo pode levar à internalização de estereótipos e ao racismo internalizado por parte das vítimas. Qual valor aquele rapaz acha que sua vida tem? Em quem ele acha que pode confiar e buscar apoio? As ações do agressor e a indiferença da policial contribuem para a perpetuação desses padrões de vidas desvalorizadas. Quando a “segurança pública” cruza os braços diante da ameaça, uma manifestação de violência estrutural acontece. O sistema colonial e suas extensões perpetuam a desumanização das pessoas negras, e o vídeo pode ser visto como um exemplo contemporâneo desse fenômeno. Que tal refletirmos com Fanon a importância da resistência contra essa desumanização, em defesa a reconquista da humanidade e dignidade pelos oprimidos?!

Em "O pacto da Branquitude", Cida Bento explora como a branquitude, um conjunto de privilégios associados à identidade branca, está intrinsecamente ligada à manutenção das estruturas racistas. No contexto do vídeo, o agressor tem sua ação facilitada por este sistema de privilégios. A resposta da policial, cruzando os braços diante de uma ameaça clara à vida de um jovem negro, destaca a necessidade de examinar as implicações do pacto da branquitude nas instituições policiais. Como a ideia de que “as vidas negras importam” é muitas vezes desconsiderada de forma que a violência policial e a discriminação racial persistem. Precisamos refletir a responsabilidade individual na luta contra o racismo como tentou intervir a mulher que registrava gritando em defesa da vida e a que se pôs entre mira e alvo. Ao relacionar esses temas com a consciência negra, é possível destacar a importância de compreender não apenas as experiências das pessoas negras, mas também como a branquitude pode desempenhar um papel na perpetuação do racismo.

Enquanto Taylor Swift comove os palcos e eu desconfio que ela jamais volte aqui, não podemos esquecer que há um palco maior que deve ser ocupado pela Consciência Negra diariamente. Vidas clamam por atenção, por reflexão, por ação. Que este Novembro seja marcado não apenas por homenagens a artistas internacionais, mas pela promoção de um Brasil mais justo e igualitário, onde vidas negras realmente importem e todos possam brilhar, independentemente da cor da pele. Isso de fato reflete Cristo, é um princípio cristão!


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

Comentários


Instagram

Facebook