Retrospectiva da tradição de retrô para fazer sentido (sentir daí)

  • Laís Sousa

Foto: Pexels / Personare

Se teve uma coisa que percebi este ano é o quanto me sinto desconfortável na zona de conforto. Abri logo um portal para dentro de mim mesma e fui só conhecer o Jalapão. Palmas ao Tocantins, mas ainda passei por Muro Alto e Recife em Pernambuco e desbravei Boipeba na minha Bahia! É sobre preferir ganhar o mundo para não perder a vida. Não vejo mais o tempo como dinheiro. Tempo é vida e jogá-la fora é caro demais…

Não pulei onda para começar, as cores claras da roupa não foram brancas, talvez tenha comido animais que ciscam pra trás misturando em tudo. Eu mesma fiz minha sorte e que sorte quando estive acompanhada – transtornada de apaixonada, haha!

A transparência me coube bem. A verdade, a pureza, a natureza. Tudo que me faz sentir viva e não desistir de acreditar em um bem maior que me integra e faço parte. Parei tudo para brindar em vermelho por permanecer no Brasil, paralisei ao ver o auge a que chegou a depredação logo em janeiro. Que tristeza! Respirei na folia de fevereiro e quantas águas e “eu fui” se passaram além de março…

Não sou só bonitas paisagens, eclipse solar e ressaca marinha, sou feita de aventuras e coragens. De tudo que arrisquei pela primeira vez: Voar só. Fervedouros. Rafting. Caiaque Noturno com Bioluminescência para imergir no meu querido universo avatar. Dar aula e subir ao nível presencial. Do meu jeitinho, eu mergulhei e até atuei!

Equilibrei os pratos um dia de cada vez. Teve dia que escolhi o prato que derrubei para não me derrubar. Sem pilates e terapia o desequilíbrio seria ainda mais inevitável. Como me desafiei e fui desafiada: do retorno à academia ao 3 jobs que talvez Julius não ousasse tentar, rs. Não odiei a mim nem ao Chris. Odiei perder a referência de Glória Maria, a deusa Rita Lee, o marco MC Marcinho e meu terno Friend Matthew Perry.

Tive tempo de correr, mas também de ‘dançar, curtir, ficar de boa’. Abraço afetivo para carnavalizar, ser anjo, Moana e Zumbi, embrazar! Não pulei o São João, voltei de Cruz só a Alma. Acompanhei como deu o ‘Welcome to Brazil, Bruninho’. Foi fantástico reviver O Teatro Mágico. Aqui é ‘lá ele’ com ‘Suquinho de murucujá’ e submarino não desaparece! Salve o milho da Larissa Manoela e a (des)liberdade do joguinho de azar. Salve quem foi salvo na Faixa de Gaza, de uma guerra que não deveria desumanizar.

Não levei falta nas pelas artes e posso até destacar: a quadrilogia Um Ano Inesquecível, Barbie, Besouro Azul, Jogos Vorazes, O paí Ó 2. Claro que teve livro, sobretudo a conclusão e contratação para lançar o meu. É assim que acaba, é assim que começa, mas especialmente Coragens e mais alguns cês da vida: en(quadro)!

Quanta emoção, desde o parque de diversões ao festival. Vi Marisa Montes, Jota Quest, Mari Fernandez, Djavan, Gloria Groove, Leo Santana, Lincoln, Thiaguinho, Nattanzinho, Pedro Sampaio e Matheus e Kauan tudo de vez. Isso porque já tinha visto João Gomes mais de uma vez…

Tenho lido por aí “2021 te mudou. 2022 abriu seus olhos. 2023 te desafiou a sair da zona de conforto e 2024 será seu melhor ano”. Meu nome é prontaaa!

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2022

Desacostumada a viver em espaço-tempo, lembrar do turbilhão de coisas vividas em 2022 faz janeiro parecer outro ano, outro tempo. 2020, o ano não vivido, teve direito a duas retrospectivas sobre tempo. 2021 não tive experiências suficientes pra aceitar nova idade. Esse ano foi 1/3…

Das coisas que tenho para dizer talvez intensidade signifique mais. Entreguei primos pro amor e pra Jesus. Perdi meu horizonte, mas ganhei muito também. Precisei ver novos…

Ganhei felicidade profissional e trabalhei como nunca. Ganhei imunidade com vacinas. Ganhei a realização de um sonho chamado Maranhão. Ganhei a esperança de volta através de um processo tenso de eleição. Ganhei motivos por quais e por quem vibrar vitórias do meu país.

Esse ano foi revolucionário, interna e externamente. Presenciei mulher sendo árbitra e comentarista de futebol na Copa de um país preconceituoso, Viola Davis encher a sala de cinema em Mulher Rei e semanas depois ver Wakanda Forever exaltar toda a ancestralidade Africana, deixando de pé e eufórica uma sala de iguais que, representados como nunca, fizeram questão de estar na estreia. Zé Ramalho é a própria revolução, e vê-lo se apresentar sem trégua me tirou o fôlego. Fôlego para conhecer, para saber, para renovar, para crescer, puxar mais gente, criar espaço, fazer caber, dançar, EMBRAZAR em zouk e jamais calar ou me reunir a neonazistas, fascistas, péssimos perdedores, patriotas de araque, gente deprimente que atrasa o tempo e deve se sentir deslocada em um espaço-tempo que já não cabe mais.

Somos o futuro, vamos além. 23, vem!

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2021

2021. Silêncio…

Calou o humor do Gustavo.

Calou um tanto de amor com Tarcísio deixando Glória.

Calou até sofrência da Marília.

Calou o sol em dezembro deixando cidades debaixo d'água.

Somatizou em calar mais de 600 mil só no Brasil.

Calou de cansaço a cada dia e notícia.

Me calou um pouco mais.

Calou em preservação.

Não é sobre voz, é sobre perda e ânimo.

Perder o tom, ritmo e compasso.

Sobre não saber o que dizer e sentir muito.

E ainda assim, estar longe do que aquece o coração.

Buscar fôlego e fungar pra continuar.

O melhor presente foi continuar vivo.

Sobreviver…

Vacina, eleições, condições, coragens.

Que o novo nos permita respirar…


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

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