30 de janeiro de 1969: Como os Beatles, mais uma vez, fizeram história

  • Danilo Souza

O dia 30 de janeiro de 1969 tinha tudo para ser mais um dia normal assim como todos os outros em Londres, na Inglaterra, mas uma grata surpresa viria do céu - sem exagerar, e você vai entender o motivo, colocando aquela data para sempre na história da música mundial como a última apresentação pública ao vivo dos Beatles, o maior conjunto musical do planeta.

A última vez em que os Beatles haviam se apresentado ao vivo foi três anos antes, em 1966, no Candlestick Park, um estádio na Califórnia. O sucesso da banda e o movimento da Beatlemania se tornaram tão estrondosos que os próprios músicos começaram a sentir como se as pessoas quisessem somente vê-los e não apreciar as suas canções. Por motivos como esse, a banda decidiu parar de se apresentar e focar em trabalhar nos seus álbuns de estúdio, o que foi um fato importante para a criação de novas obras já que a partir daquele momento poderiam experimentar possibilidades mais complexas de composição sem a preocupação de ter que executar ao vivo.

Durante esse período, foram lançados discos como “Revolver” (1966) e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), considerado como um dos primeiros álbuns conceituais do rock, além de outros clássicos como o “The Beatles” (1968) - também conhecido como “o álbum branco”- e o “Abbey Road” (1969). Em janeiro do mesmo ano do lançamento do Abbey Road, a banda aceitou a ideia de realizar uma nova apresentação pública, porém se fosse feita em um lugar inusitado. Foram cogitadas hipóteses como tocar em um barco em movimento, mas no fim chegaram à conclusão de se apresentar no terraço do prédio da sua própria gravadora, a Apple Corps, adquirida no ano anterior.

Na mesma gravadora, os Beatles estavam gravando sessões que posteriormente se tornaram o álbum Let It Be (1970) - que originalmente recebeu o nome “Get Back” - passando pelo processo criativo de realizar novas composições ou fazer novos arranjos para músicas já existentes ou que não foram terminadas. Depois de aproximadamente um mês inteiro de ensaios e sessões, às 12h do dia 30 de janeiro de 1969, sem avisar à imprensa, a banda sobe ao terraço do prédio e começa a apresentar ao vivo as faixas que fariam parte de seu novo trabalho. Aquele que deveria ser só mais um dia comum se tornou um marco, pois os Beatles estavam ali, ao vivo, de graça e com músicas inéditas para quem tivesse a sorte de estar passando na rua naquele momento.

Um total de seis canções foram apresentadas, sendo elas “Get Back”, executada em três takes, “Don’t Let Me Down”, em dois takes, “I’ve Got a Feeling”, também em dois takes, “One After 909”, “Dig a Pony” e “God Save The Queen”, uma música tradicional da Inglaterra e que foi apresentada com um arranjo feito pelo grupo.

E uma apresentação inusitada também teria que acabar de uma forma fora do comum. Durante o terceiro take de “Get Back”, a polícia subiu até o terraço e fez com que a banda desligasse os equipamentos por conta do volume. Foram somente 42 minutos, mas que foram suficientes para marcar a história da música, pois ali se encerrava a última apresentação ao vivo dos Beatles. E que de certo modo começou a marcar o fim da banda, já que o processo de criação do Let It Be foi tão problemático que George Harrison, guitarrista, chegou a largar as sessões durante alguns dias.

Em 1970, o álbum foi lançado e no mesmo ano o “Fab Four” - expressão usada para se referir à banda - chegou oficialmente ao fim. Em 2022, os áudios originais da apresentação foram publicados nas plataformas de áudio, além das gravações em vídeos das sessões que se tornaram o documentário “Get Back”, produzido pela Disney.


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

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