Como o metal progressivo do Angra se uniu com o forró do Calcinha Preta (não, você não leu errado, é isso mesmo)

  • Danilo Souza

Se alguém me dissesse que um dia o metal progressivo do Angra iria se unir com o forró do icônico grupo sergipano Calcinha Preta, eu diria que quem me contou devia ter batido a cabeça ou usado alguma coisa a mais - risos, mas, SIM, isso realmente aconteceu. E digo mais, ficou bom! Essa é a história que você descobre hoje aqui no Troca o Disco, porque junho chegou e por aqui já estamos em clima de São João, como todo bom nordestino que se preze.

Não é incomum que bandas brasileiras façam versões de músicas em outros idiomas, apesar de que o Angra também é uma banda que surgiu no Brasil, em 1991, mas que, assim como o Sepultura, escolheu a língua inglesa e ampliou o seu alcance com essa decisão, se tornando um sucesso global. Em 2001, o Angra lançou o álbum “Rebirth”, o primeiro após reformulação na formação da banda, que agora contava com Edu Falaschi nos vocais e que é um dos personagens principais desse enredo.

“Bleeding Heart”, a última canção do “Rebirth”, é um dos grandes sucessos do grupo e da bolha do metal como um todo e se tornou tão memorável que mesmo depois de vinte anos, já em 2020, foi escolhida pelo grupo de forró Calcinha Preta para ganhar uma nova versão, em português, no disco ao vivo que marcava 25 anos de carreira da banda. Mas não foi a primeira vez que o grupo do Nordeste fez algo nesse sentido, já que também possuem de outros clássicos do Rock, como a faixa “Dust In The Wind”, do Kansas, e “Send Me An Angel”, da banda alemã Scorpions, todas bem aceitas pelo público.

E para quem acha que seria diferente com os fãs do Angra, por estarem acostumados com uma sonoridade mais pesada, achou errado. A versão de “Bleeding Heart”, que, em português, recebeu o nome “Agora Estou Sofrendo” foi tão bem recebida e ganhou tantos comentários positivos que acabou chegando aos ouvidos do próprio Edu Falaschi, um dos compositores da versão original. Se a história parasse por aqui, já seria sensacional, mas, adivinha só? O Edu não só curtiu, como também ainda entrou em contato com um dos vocalistas do Calcinha Preta, Daniel Diau, para conversar sobre e fazer um convite para se apresentarem juntos.

Em entrevista para o podcast Nordecast, Daniel comentou sobre a conversa entre os dois. "Eu estava em um restaurante, quando recebi uma mensagem no meu celular. Olhei, vi que era do 'Edu Falaschi', da banda 'Angra'. Na hora eu pensei que era um trote." Ainda no mesmo ano, 2020, Falaschi convidou Diau para participar de uma apresentação da sua turnê “Midnight Celebration”, em Recife, no estado de Pernambuco. Na ocasião, os dois cantaram “Bleeding Heart”, na versão original da canção.

Com uma relação amigável e com a música em comum, um novo convite foi feito, já neste ano, desta vez por parte de Diau para Falaschi, que aceitou logo de cara. Não só aceitou, como também ainda cantou parte da letra em português! Uma das vozes mais conhecidas do metal mundial por anos cantando uma versão em forró da sua própria música, aqui no Brasil, com aceitação do público de ambos os gêneros. Que história!

Pois é, até o mais fanático dos metaleiros teve que se render ao forró do Calcinha Preta com essa união inusitada, digamos, mas que deu muito certo. A colaboração entre os artistas já conta com milhões de reproduções, somando os números das plataformas digitais, e também conta com videoclipe ao vivo no YouTube, que faz parte do projeto “Atemporal”. Será que já podemos esperar por mais desta união metal e forró? O que eu posso dizer é que já sei a letra dessa música de cor e estou pronto se o Edu Falaschi aparecer em alguma festa de São João por aqui no Nordeste - risos.


Danilo Souza

Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.

danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)

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