Despertar e adormecer na realidade do (des)amor

  • Laís Sousa


Reprodução Netflix

Num dia, despertamos com uma preta se expondo ao constrangimento de noticiar em streaming mundial que o marido abusou de seu corpo violando seu sono. Fomos dormir ‘de côro quente’ com outra preta se expondo ao constrangimento de noticiar em rede social que foi traída pelo marido. Grávida. Sim, uma semana que nos agrediu, enquanto mulheres, de forma que a “Maria da Penha” não protege…

No "Casamento às Cegas 4", Ingrid Santa Rita, sempre grandiosa, recebeu colo das colegas de elenco ao compartilhar sua dolorosa experiência no episódio de Reencontro. Sua dor era evidente e sufocante, não cabia mais ali. Leandro, o causador do tormento, não deu nome às suas atitudes antes de ser convidado a se retirar. Desculpas, mea culpa... todo mundo aqui sabe que importuno sexual com alguém em estado vulnerável é ESTUPRO, certo? Seja em qual for a relação. Crime é caso de polícia. Um brocha e injustiça brochante foram expostos, então.

Cenas difíceis de digerir e mal sabíamos que Iza, nosso talismã, monumento de fazer até outras mulheres se sentirem menores ao seu lado, vinha sendo traída por um jogadorzinho de futebol, de time furreca. O tal Yuri reconheceu sua besteira, fraqueza e covardia, tarde demais. Bola fora, escanteio. Foi preciso um fofoqueiro de renome, Léo Dias, para cuidar da família que ele negligenciou por meses, talvez anos. Que Nala, leoa desde o ventre, chegue forte e feroz como sua mãe, nesse mundo cão. A gente ama, a gente protege (como dá)!

São tantas camadas, tantas vertentes, tantas dores. Nos comove e causa comoção. Precisamos mais que 'fé para enfrentar esses filha da puta' e deixar "que se vá". Precisamos não apenas sentir muito (Beyoncé), faturar (Shakira), e se amar melhor (Miley Cyrus). Ao ser instigada como a madre que coloca macho no lugar, Luana Piovani reviveu sua própria dor de abandono, a solidão da mãe, da mulher que sonha, ama e se vê só. Somos tantas, somos plural. Côro e canção!

O que foi construído nas bases pútridas do amor romântico e da monogamia precisa ser reavaliado. Precisamos que eles sintam, de fato. Se são eles por eles, quem sintam vergonha de si. Que se ressignifiquem. Homem não é tudo igual! Talvez dos jogadores, por hora, se salvem apenas Kaká e Paquetá. Mas quem os convenceu que, não importa a mulher foda que têm ao lado, mais vale quantidade que qualidade? Não saber lidar com coisas grandes e reconhecer os privilégios é patológico. Tão quanto ganhar ibope e aumentar número de seguidores em seu fracasso. Puro suco do machismo que endossa Neymar, Chico e até o Borel, que traiu e, ao "se encontrar", apareceu para se indignar pela "burrice" do irmão. Não é pra trair ninguém, das potentes às que voltam! A gananciosa de conteúdo 18+ ter suas contas derrubadas para o queridão seguir ‘com sua carreira bem linda cá fora’? Reflitam.

A gente precisa de amor e precisa saber amar. O amor para mim é a escolha, porque sentimento é juvenil demais… Troca “vou ficar com você enquanto eu sinto alguma coisinha, tá fácil, dá pra conciliar sem esforço ou diálogo” por "eu estou aqui, meu compromisso é com você, eu não vou sair daqui, vamos consertar" que dá sentido e encanto a vida. Então, da próxima vez que você ver um jogador metido a sultão no campo dos sentimentos ou qualquer outro inconsequente em série, lembre-se: não precisamos apenas de fé e resiliência no amor. Precisamos de força, união, provas e mudança. E essa mudança começa por reconhecer o verdadeiro valor do amor comprometido, da escolha consciente e do respeito mútuo. Amém!


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

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