Bolsonaro cita local de execuções ao reclamar de ser comparado a Lula
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Durante cerimônia de abertura do Apas Show, evento do setor de supermercados e alimentos, em São Paulo, nesta segunda-feira (16/5), o presidente Jair Bolsonaro (PL) citou a “ponta da praia” ao criticar uma reportagem que o comparou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Matéria saiu falando que eu e o Lula somos a mesma coisa. Vai para ponta da praia, porra”, disse o chefe do Executivo, exaltado.
A “ponta da praia” é uma expressão usada por militares que se referia à Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro. O local era conhecido pela tortura e morte de presos políticos durante a ditadura militar, como explica o professor de história da UFRJ Carlos Fico, especializado no regime militar no Brasil.
Bolsonaro já havia citado a “ponta da praia” em outra ocasião. Em novembro de 2020, em uma live com ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, o presidente condenou as discussões sobre gênero no ambiente de ensino e defendeu que quem adota linguagem inclusiva deveria ira para a “ponta da praia”. “Vai para ponta da praia, não tem cabimento isso, que país é este?”
Em 2019, Bolsonaro sugeriu que servidores de órgãos federais ambientais se destinassem à “ponta da praia”, enquanto falava sobre as dificuldades para o dono da Havan, Luciano Hang, conseguir uma licença ambiental que liberasse a construção de uma loja da rede em Rio Grande (RS).
Ainda como candidato à Presidência, em 2018, Bolsonaro também disse que “a petralhada vai tudo para a ponta da praia”.
“Nunca serei preso”
Ainda no discurso desta segunda, muitas vezes aos gritos, o chefe do Executivo declarou que “nunca será preso”.
“A liberdade é mais importante do que a nossa própria vida. Vamos entrar agora no evento de hoje… Porque mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. Até já falam que eu vou ser preso… Por Deus que está no céu, eu nunca vou ser preso”, disse.
Apesar de dizer que “não está dando recado para ninguém”, a declaração veio dias após o ex-presidente Lula dizer, na última terça-feira (10/5), que Bolsonaro teme ser preso caso perca as eleições deste ano.
Júlia Portela e Mariana Costa/Metrópoles