2013: O capítulo final da história do Charlie Brown Jr.
O Charlie Brown Jr. foi uma das bandas mais relevantes da cena do rock nacional e viveu o seu auge entre o final da década de 90 e boa parte da década de 2000. Contudo, o conjunto passou por um fim inesperado após perder dois integrantes. Um deles foi o baixista Champignon, o lado menos falado dessa história e que, de certa forma, teve seu destino marcado após a morte de Chorão, o vocalista do grupo.
Chorão e Champignon durante show do Charlie Brown Jr. Foto: Divulgação
Por esse motivo, antes de chegar ao que aconteceu com Champignon, é preciso entender um pouco mais da relação entre os dois companheiros de banda. Quando o Charlie Brown Jr. iniciou suas atividades o baixista ainda era menor de idade, mas mesmo assim acompanhava a banda nas apresentações. Chorão, de forma instintiva, “adotou” o músico, desenvolvendo uma forte amizade e agindo como um irmão mais velho.
Com o tempo de estrada e as questões comerciais que surgiram após o sucesso, a relação entre membros da banda passou por um desgaste e ocasionou a saída não só de Champignon, mas também do guitarrista Marcão Britto e do baterista Renato Pelado em 2005. Seis anos depois, em 2011, Champignon e Marcão retornaram ao grupo após uma reunião, entretanto, a relação ainda permaneceu conturbada por alguns motivos.
Um deles foi o fato de que Chorão, vez ou outra, atacava Champignon por sua saída da banda. Em um show na cidade de Apucarana, no Paraná, o vocalista chegou a declarar, enquanto todo o público ouvia, que o baixista não havia aprendido nada no tempo fora do Charlie Brown Jr. e que só havia retornado por conta do dinheiro. Em um momento oportuno e com a cabeça fria, os dois fizeram um pronunciamento em uma rede social da banda para dizer que estava tudo certo.
Champignon e Chorão juntos durante apresentação do Charlie Brown Jr. Foto: Divulgação
A vida seguiu e assim foi até o dia 6 de março de 2013, quando uma notícia abalou os fãs do Charlie Brown Jr: Chorão havia sido encontrado morto em sua casa, em São Paulo. A morte do cantor e principal nome da banda praticamente marcava o fim do grupo, já que sua presença e energia era insubstituível. Mesmo assim, os integrantes remanescentes criaram o coletivo “A Banca” para que pudessem seguir tocando juntos e mantendo a formação original. Champignon assumiu a difícil missão de tomar conta dos vocais.
Apesar de ser uma iniciativa que visava seguir o legado do que foi o Charlie Brown Jr, boa parte dos fãs viram isso de uma forma diferente e consideravam que Champignon estava “tentando tomar o lugar” que até então era de Chorão, o que aumentava consideravelmente a pressão e as críticas sofridas. Já abalado pela perda do amigo e companheiro de banda, o baque com a não aceitação do novo projeto causou ainda mais impacto na saúde mental do músico.
Seis meses depois a história voltaria a se repetir. No dia 09 de setembro de 2013, Champignon foi encontrado sem vida em sua casa. Além dos problemas da vida artística, ele também enfrentava uma recém separação da sua esposa. Os verdadeiros fãs, que ainda nem sequer haviam superado o que aconteceu com Chorão, receberam novamente uma notícia inesperada e ali caía a ficha que o Charlie Brown Jr, em sua essência, havia terminado de vez.
A banda chegou a realizar algumas reuniões anos depois, como o tour de 30 anos de história do grupo, idealizado pelos guitarristas Thiago Castanho e Marcão Britto e que ajudou a manter a chama do grupo acesa, sempre respeitando a memória e o legado deixados pelos ex-membros da formação original que se foram.
Danilo Souza
Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
@danilosouza.jornalismo (Instagram)