The Last of Us e as adaptações de games para o cinema
Os games não têm um bom histórico nas adaptações para o cinema e televisão, mas isso felizmente está mudando com o passar do tempo. No último domingo (13), o primeiro episódio da segunda temporada da aclamada série The Last of Us estreou no streaming e o resultado não poderia ser outro, senão um sucesso de audiência e fãs empolgados para o seguimento da história.
Além de The Last of Us, outra adaptação que também está atingindo números admiráveis é o filme do Minecraft, que foi bastante questionado em sua qualidade desde o seu anúncio (inclusive por aquele que vos escreve). Essa é de longe a melhor época para as adaptações de jogos para o cinema, mas uma longa estrada foi pavimentada antes que isso fosse sequer possível.
The Last of Us. Reprodução: Max
Um começo desastroso
Cronologicamente falando, o primeiro filme live-action adaptando um jogo eletrônico é Cyber Ninja, lançado em 1988. Mas a título de grande repercussão, o que mais é lembrado como o primeiro grande filme do gênero é Super Mario Bros. (1993), que o público também recorda como o pior filme de videogame da história.
Além de ser mal dirigido, mal atuado e com efeitos especiais ruins até mesmo para a época em que foi lançado, a descaracterização foi um dos fatores determinantes para a péssima recepção que o filme possui. É um filme do Mario em que o protagonista tem medo de pular, uma das ações que mais é reproduzida em qualquer jogo da franquia.
O que era pra ser um goomba no filme do Super Mario. Reprodução: Buena Vista Pictures
Outros exemplos da mesma época são as adaptações de Street Fighter e Mortal Kombat, que não são de todo ruins, mas também sofrem pelo problema da descaracterização do universo. Diferente do filme do Mario, esses dois conseguiram ao menos fazer uma bilheteria decente para ficarem marcados (para bem ou mal) na cultura pop.
Desde então, criou-se um tabu sobre a qualidade que os filmes desse gênero teriam, principalmente se tratando dos live-action. A audiência nunca foi uma barreira para tal, levando em conta que até mesmo a questionável franquia dos filmes de Resident Evil chegou ao seu capítulo final movimentando uma legião de fãs para prestigiá-lo.
Um desfecho glorioso
Adaptação após adaptação, a Sega, em colaboração com a Paramount, decidiu ir na contramão de tudo aquilo que costumeiramente era feito e optaram por adaptar Sonic no formato de animação misturada com live-action. Entretanto, o primeiro design revelado ao público não era nada promissor e a repercussão negativa forçou ao adiamento do longa em meses.
Primeiro design do Sonic para o filme. Reprodução: Paramount Pictures
As críticas dos fãs fizeram com que o design fosse consertado, tornando-se então o mais fiel possível à obra adaptada. Quando foi lançado, em 2020, o filme fez um grande sucesso, possibilitando uma trilogia com números ainda maiores. A produção não só agradou os fãs do game, como também mostrou uma das formas mais eficazes de se adaptar o gênero para o cinema: basta respeitar o jogo e todo seu cânone construído.
Três anos após o lançamento de “Sonic: O Filme”, o seu arquirrival, Mario, pôde finalmente ter a sua redenção com um filme feito inteiramente em animação pela Illumination, mesma produtora de “Meu Malvado Favorito” e “Minions”. Seguindo a mesma fórmula, o filme respeita o universo criado pela Nintendo e faz uma bela homenagem não só para o jogo, mas para todos os seus fãs ao redor do mundo.
Após um começo turbulento, essas adaptações para o cinema vivem atualmente o seu melhor momento na história. A impressão transmitida é de que as equipes de produção realmente buscam jogar os jogos que estão sendo adaptados e se importam com toda a construção de anos ou até mesmo décadas desse mercado que é um dos que mais crescem no mundo todo.
