AM, FM e digital: qual a sua frequência? Confira as principais diferenças entre as formas de ouvir rádio

Das primeiras transmissões via ondas AM, passando pelo FM até chegar ao digital, ao longo de 100 anos, o rádio abraçou a modernidade e os recursos tecnológicos

Foto: Reprodução


Em 100 anos, o rádio passou por diversas modificações. Seja no formato ou na transmissão, o meio que já foi considerado moribundo, abraçou a modernidade para se manter relevante na dança das cadeiras da comunicação. Com a evolução do rádio e a chegada do som digital, alguns recursos tecnológicos também precisam ser modificados. Quem lembra do AM? E do FM?

As siglas de duas letras podem causas confusão para muitos, mas significa nada mais do que a amplitude e a frequência com que são feitas as transmissões radiofônicas. De acordo com a professora e especialista em Rádio e TV, Amanda, Aouad, AM e FM são formas de transmissão via ondas eletromagnéticas, as famosas ondas de rádio.

Ambas possuem diferenças precisas, principalmente no qualidade e no alcance. “A diferença é que na AM a amplitude é modulada, enquanto na FM a frequência é que é modulada, são configurações técnicas que interferem na qualidade e alcance dessa onda”, explica a professora.

No caso do rádio AM, trabalha-se com a Amplitude Modulada (AM), um das mais econômicas de fazer a transmissão de som de rádio. Por meio de um transmissor AM, o microfone converte a voz do locutor em voltagem variada – a tensão. Essa foi a forma de transmissão de rádio que se tornou popular mais rapidamente, tanto por causa do alcance de equipamentos, quanto de mais ouvintes.

 

No Brasil, as primeiras transmissões AM surgiram com a emissora Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

Já o FM ou Frequência Modulada, surgiu como uma alternativa à AM. O FM foi desenvolvido para servir como solução para os problemas apresentados pelo AM. Apesar de mais complexa e com mais custos de manutenção, a qualidade sem ruídos e interferências ampliam o alcance geográfico e melhora a experiência do ouvinte.

A especialista destaca que as principais diferenças entre ambos os formatos são financeiros, já que, para a transmissão são necessários aparelhos específicos. Enquanto o AM é mais barato, o FM trouxe o alcance de maiores distâncias, e consequentemente, cidades.

“As principais diferenças são financeiras, cada formato tem aparelhos específicos. Como a AM é o formato mais barato, muitas rádios começaram assim. Elas também alcançam maior distância que as FM, assim era possível uma rádio chegar a mais cidades. Porém, a qualidade de transmissão era menor, com ruídos e interferências. A FM tinha um custo maior de instalação e aparelhos, chegando também a distâncias menores, mas a qualidade sonora era maior”, salienta.

O digital e a experiência do ouvinte

E do AM para o FM, se fez o digital. Assim como aconteceu com a televisão, uma nova tecnologia se apresentou para o rádio. Apesar da digitalização do sinal radiofônico no Brasil ocorrer a pessoas lentos, o processo já foi iniciado.

O rádio digital vai alterar o modo de produção da programação, a distribuição de sinais e a recepção da mensagem radiofônica. Pesquisadores da área, inclusive, indicam a necessidade de uma “reinvenção” do rádio que possa se adaptar à nova tecnologia.

Amanda Aouad explica que a transmissão digital permite uma modulação da sequência binária para transmissão, ou seja, pode ser feita pela AM, FM ou de maneira online. Ela também esclarece que a migração exige mudanças nas pautas, já que se amplia a convergências de mídias.

“A rádio digital é apenas uma nova forma de modular essas informações, para isso, novos equipamentos são necessários, mas podem ser transmitidas pelas frequências das rádios já existentes. Interfere também nas pautas, já que uma rádio AM poderia falar com toda a Bahia, enquanto uma FM se restringe mais a uma cidade, por exemplo. Mas a FM digital pode também ser transmitida via internet, dialogando com as rádios onlines e ampliando as possibilidades de convergência de mídias”, destaca a especialista.

Nesse sentido, enquanto nos aspectos técnicos específicos para o AM e FM, a experiência de ouvinte é impactada na questão da qualidade do som e na quantidade de rádios disponíveis para sintonizar; no digital, aumentam as informações possível e a possibilidade de diálogo e transmidiação.

Foto: Acervo Nacional

“Nesse aspectos técnico específico entre AM e FM, para o ouvinte é apenas a questão da qualidade do som que chega a ele e a quantidade de rádios disponíveis para ele sintonizar. No caso da digital, aumentam as informações possíveis, no aparelho dele pode vir as informações sobre a música que está tocando, por exemplo. Aumenta também as possibilidades de diálogo, transmidiação da programação etc. Uma rádio digital pode ser transmitida online, com vídeo, com outras informações em paralelo. O ouvinte pode estar ouvindo pelo aparelho de rádio, comentar pelo Twitter e participar de uma promoção no Instagram, por exemplo”, conta a professora e especialista.

Com a chegada do digital e as possibilidades online, começou uma migração compulsório decretada pelo governo, que já estabeleceu o ano de 2023, a descontinuação das transmissões feitas via AM no país.

Qual a melhor frequência?

Com as possibilidades, fica o questionamento se existe uma frequência que seja melhor que a outra. A especialista afirma que, cada uma tem vantagens e e desvantagens que dependem, principalmente, do interesse da comunicação.

Não é possível afirmar se existe uma que se destaque, mas, a perspectiva de que a evolução tecnológica pode trazer novas possibilidades para as frequências.

“Acho determinista dizer que uma ou outra é a melhor porque existem funções. Cada um tem vantagens e desvantagens que vai depender do interesse da comunicação. E a própria evolução tecnológica pode trazer novas possibilidades para elas”, analisa Amanda Aouad.

Um olhar para o futuro

Depois de 100 anos, o rádio segue na trajetória da evolução, aproveitando os avanços tecnológicos e as possibilidades de exploração nesse cenário. Para a especialista em rádio e tv Amanda Aouad, ainda é possível fazer muito mais pelo meio, unindo as características já existentes do rádio aos novos recursos.

“A tecnologia nos surpreende a todo instante, novas formas de transmissão podem surgir, coisas que nem imaginamos ainda. E diante do que já existe, ainda é possível explorar melhor as possibilidades do digital, a convergência de mídias. A chegada do 5G no Brasil vai tornar a conexão ainda mais rápida e com mais dados. Isso sem perder de vista as características do rádio: a possibilidade de comunicação rápida, direta e alcançando o maior número de pessoas”, finaliza.

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