Foto: Blog do Sena

A eleição para a presidência da Câmara Municipal de Vitória da Conquista gerou uma polêmica inesperada. Enquanto esperava-se apenas chapa única com o nome principal sendo Hermínio Oliveira (Podemos), um grupo liderado por Márcia Viviane (PT) se lançou de última hora para a eleição.

A chapa que venceu a disputa por 15 a 5 é composta por Muniz, Ricardo Babão e Nelson de Vivi. Contudo, de acordo com os nomes do PT, havia um acordo para que uma mulher (Márcia Viviane ou Lúcia Rocha) compusesse a mesa diretora, o que foi descumprido nos momentos finais. Diante disso, o partido se viu na necessidade de lançar sua própria chapa, encabeçada pelas duas únicas mulheres vereadoras.

“A candidatura é fruto de uma reação contra o descumprimento de acordos pela chapa concorrente [...] Desde o início do Partido dos Trabalhadores se colocou à disposição para compor com a Mesa, fazendo uma única solicitação, de que houvesse o nome de uma mulher na Mesa Diretora", disse Márcia Viviane ao Blog do Sena.

Acusação contra a prefeita Sheila Lemos

A polêmica não parou por aí. Segundo Alexandre Xandó (PT), a motivação para o descumprimento da chapa encabeçada por Hermínio advém de uma suposta interferência da prefeita Sheila Lemos (UB).

A nossa única exigência é que tivesse uma vereadora mulher na mesa diretora, porque nós temos 21 vereadores e apenas duas são mulheres. Então, para a gente era uma questão simbólica ter a vereadora Márcia Viviane compondo a mesa. Isso foi acordado, foi assinado até mesmo um documento, e nós estávamos entendendo que estava tudo acordado. Eis que houve uma interferência da prefeita Sheila Lemos (UB) para tirar a vereadora Márcia Viviane e colocar o vereador Ricardo Babão (PCdoB), como 1º secretário, tirando as mulheres e tirando o PT. Então, houve uma traição, uma falta de palavra do vereador Bibia, que nós procurou. Então, nós decidimos lançar essa chapa, a chapa das mulheres”, disparou Xandó.

Prefeita rebateu acusações com uma nota

Em reação às acusações envolvendo o seu nome na eleição para a presidência da CMVC, a prefeita Sheila se mostrou incrédula e acusou a chapa perdedora de tentar "desviar a atenção do insucesso na mencionada eleição".

Confira a nota na íntegra:

"Sobre as queixas dos vereadores de oposição, expressas, em especial, pela vereadora Viviane Sampaio (PT), de que teria havido interferência do Poder Executivo na eleição da Câmara Municipal de Vereadores, com o objetivo de impedir a vereadora de ter um cargo na Mesa Diretora, a prefeita Sheila Lemos considera lamentável a afirmação, além de leviana, e baseada em uma estratégia de desviar a atenção do seu insucesso na mencionada eleição.

Antes de tudo, é preciso dizer que a prefeita Sheila Lemos valoriza a participação feminina na política e nos espaços de poder e estimula para que isso ocorra cada vez mais.

Assim, vale enfatizar que, em nenhum momento, a prefeita de Vitória da Conquista se manifestou ou atuou no sentido de interferir na eleição da Mesa da Câmara, por absoluto respeito à independência e autonomia do Poder Legislativo.

É do conhecimento público que as articulações para a eleição da direção da Casa do Povo se dão internamente, a partir das movimentações entre os próprios vereadores e de suas relações políticas e pessoais no convívio com os pares.

Assim, a vereadora teve a mesma condição dos demais, infelizmente não logrando sucesso, não cabendo colocar a culpa em qualquer outra pessoa.

A tentativa de justificar o fracasso na eleição da Mesa, acusando levianamente a prefeita – também mulher – só confirma o discurso vazio, construído oportunisticamente em torno da causa feminina.

Em momento histórico algum neste município tal acusação foi feita aos prefeitos homens, talvez por ser mais fácil atacar uma mulher.

A luta pela participação feminina consiste em políticas públicas cotidianas e perenes, e não em aparições convenientes e sazonais!".