Com Tebet, Lula pode ter trio de futuros presidenciáveis no governo

Ministério da senadora ainda é uma icógnita

Foto: Amanda Perobelli / Reuters


A senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem dito a aliados que quer entender o "organograma" do Ministério do Planejamento antes de dar uma resposta a Lula sobre o convite para assumir a pasta. Os dois devem voltar a conversar entre esta segunda (26) e terça-feira (27).

Integrantes do MDB querem saber, por exemplo, se é possível turbinar a pasta com os bancos públicos BB e Caixa, além do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos do governo), pois temem que a estrutura atual do ministério seja "oca", cuidando apenas do Orçamento.

O BNDES, na visão da própria Simone Tebet, está sob guarda-chuva de Geraldo Alckmin, indicado para o Ministério da Indústria e Comércio, e por isso mais do que blindado sob responsabilidade do vice-presidente eleito.

Segundo interlocutores, se aceitar o cargo, Tebet gostaria de focar no debate sobre a qualidade do gasto público, em parceria com Fernando Haddad, no comando da Fazenda.

Com Tebet no Planejamento, a área econômica do governo Lula anteciparia um possível cenário eleitoral para 2026 com três presidenciáveis em postos-chave: Haddad na Fazenda, Alckmin no MDIC e a senadora no Planejamento.

No caso de Tebet, com uma visão divergente da agenda econômica do PT, como ela repete a emissários de Lula.

Haddad sempre repete que "não existe candidato à presidência em 2023" e que nunca assume um cargo pensando no próximo, que é a receita do fracasso.

Em entrevista ao Estudio i, na GloboNews, o petista disse que se houver divergências entre ministros na área econômica, quem arbitra é o presidente da República, que é quem foi eleito e tem sua agenda econômica para ser executada.

Planejamento turbinado?

Como o blog publicou no começo do mês, a ideia de turbinar o Planejamento com bancos públicos surgiu para que o governo tornasse a pasta atraente a um liberal -- como Pérsio Arida, um dos criadores do Plano Real que declarou voto em Lula no segundo turno. Mas o plano de indicar um economista liberal, de setores ligados a Alckmin, não prosperou.

O PT voltou, então, a discutir o nome de alguém com peso político. Haddad quis Camilo Santana, mas foi informado de que o ex-governador do Ceará iria para a Educação.

A ideia de indicar Simone Tebet surgiu, então, de uma conversa entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Lula e Haddad após os planos A, tanto da senadora quanto do PT, irem por água abaixo.

Tebet, desde o começo da transição, deixou claro que não precisaria ir para algum ministério para ajudar o governo. Ouviu que Lula e o PT faziam questão, que ela se jogou de corpo e alma na campanha e era um símbolo da chamada frente ampla. Portanto, era questão de discutirem juntos onde poderia ajudar.

O plano A de Tebet era a Educação, mas a própria senadora reconheceu que os nomes ventilados eram mais preparados por serem técnicos, como o de Izolda Cela e, depois, de Camilo Santana, que acabou confirmado. Ouviu, depois, que Desenvolvimento Social, área na qual atuou na transição, era muito ligada ao PT. Cabe a esse ministério gerenciar o Bolsa Família, vitrine do governo na área social.

Diante do quadro, foi oferecido a Tebet o Meio Ambiente. Novo imbróglio: ela só toparia se Marina Silva, de quem se tornou amiga e com quem não queria se indispor, aceitasse assumir o cargo de Autoridade Climática com status de ministério.

Nada feito. Marina não topou e o PT retomou a busca por um lugar para Tebet. Foi então que surgiu a opção do Planejamento. A ideia foi de Gleisi e não teve objeção Haddad.

Elo entre Haddad e Tebet

Haddad e Tebet nunca foram próximos, mas se respeitam e se dão bem. Eles têm em comum um amigo que foi o primeiro a soprar a ideia da chapa Lula-Alckmin, ainda em abril de 2021: o marqueteiro Felipe Soutello.

Soutello, na campanha de 2022, acabou na equipe de Tebet. Mas, em uma conversa com Haddad sobre a campanha de SP, ainda no primeiro semestre de 2021, ele ouviu do futuro ministro da Fazenda que seria importante Alckmin também dar palanque a Lula em SP. Naquele momento, Haddad e Alckmin conversaram sobre a disputa para o Palácio dos Bandeirantes.

Soutello ouviu e devolveu: por que não Alckmin na vice de Lula? Haddad absorveu a informação, fez "cara de paisagem" num primeiro momento mas foi "conspirar", como brinca nos bastidores, com o amigo Gabriel Chalita. Três meses depois, a chapa Lula-Alckmin estava fechada por uma articulação de Haddad e Chalita.

Haddad sempre deu o crédito da primeira ideia a Soutello, e a ponte com o marqueteiro se solidificou.

G1

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