Nascido em Feira, criado em Conquista e destaque em todo mundo: conheça história de Luiz Caldas, pai da Axé Music
Na Bahia há uma brincadeira de que tudo que acontece no estado teve início em Feira de Santana, município localizado a 116km de Salvador. Seja bom ou ruim, é na Prinscesinha do Sertão a origem de tudo.
A brincadeira pode não ser real em sua totalidade, mas é possível afirmar que a Axe Music tem um pé em Feira, já que foi na cidade que nasceu, há exatos 60 anos, Luiz César Pereira Caldas, o Luiz Caldas.
O artista, um dos maiores ícones da música baiana e responsável por disseminar a cultura local em todo Brasil celebra seis décadas nesta quinta-feira (19), e para celebrar a data, o iBahia preparou uma série de matérias especiais para marcar a história daquele, que deixou a marca da Bahia no mundo.
Nascido no interior da Bahia, em 1963, Luiz Caldas carrega um pouco do estado ao longo da sua história de vida, para além da música. Apesar de ter nascido na Princesinha do Sertão, o artista foi criado em Vitória da Conquista, no sul do estado, e desde cedo já tinha a arte na veia.
Foto: Reprodução/ Prefeitura de Camaçari
Caldas abandonou os estudos cedo, na quarta série do primeiro grau, para colocar em prática de forma profissional aquilo que começou como uma brincadeira na infância, estar na música.
Inspirado por Michael Jackson, ainda na era ‘The Jackson Five1’, e com o apoio da mãe, Luiz iniciou em apresentações de bandas amadoras, e aos dez anos já viajava com alguns grupos para pequenas cidades da Bahia, participando de shows.
Na estrada, o artista aprendeu vários instrumentos, que colaborou para a transformação de Luiz Caldas. Sem a música como principal renda, Luiz Caldas ainda trabalhou em alguns comércios em Jequié, nos anos 70, se dividindo entre as funções de serviços gerais e na música.
Entre os grupos, se destaca a passagem Trio Elétrico Tapajós, um dos trios mais importantes do Carnaval de Salvador, que manteve acesa a essência do que foi inventado por Dodô & Osmar.
Foto: Arquivo Pessoal
Caldas também tem passagem importante pelo Bloco Camaleão em 1985, época em que tornou conhecida sua “dancinha”, apelidada de deboche.
Ao morar em Salvador, o artista criou a própria banda, Acordes Verdes, que tinha Carlinhos Brown e Tony Mola como percussionistas. E na WR, gravadora de Wesley Rangel, viu nascer o disco mais importante da carreira, o ‘Magia’, lançado em 1985.
O artista atingiu a fama nacional com a canção ‘Fricote’, que é considerada o embrião da Axé Music. Também conhecida como ‘Nega do Cabelo Duro’, a faixa, que se tornou polêmica por suas expressões consideradas racistas, já não faz mais parte do repertório do artista, mas não tem sua história desmerecida.
“Acredito que ‘Fricote’ cumpriu o papel dela, de ser o elo com essa corrente toda que chama axé music, e que não é bem um estilo musical como samba, o rock, mas uma forma de fazer música, que faz um convênio com todos os estilos”, afirmou em entrevista ao jornal ‘O Globo’.
Porém, através de ‘Fricote’, o país conheceu o talento de Luiz Caldas, e ainda nos anos 80 o artista conseguiu ampliar a visibilidade e se colocar em evidência, com participações em programas de grande notoriedade como o ‘Cassino do Chacrinha’, na Globo.
Na mesma emissora, Luiz Caldas conseguiu dar voz a uma das músicas de abertura mais icônicas das novelas, ‘Tieta’, tema de abertura da novela homônima, é até hoje lembrada pelo público.
A importância de Luiz Caldas para a música fez o artista ser reconhecido como Cidadão Soteropolitano pela Câmara Municipal de Salvador, receber o título de The King of Fricote de jornais estadunidenses, além do prêmio Lifetime Achievement Award, que reconhece o artista por sua importância para a cultura.
Em 2021, o cantor ainda foi indicado ao Grammy Latino de melhor álbum de música de raiz em língua portuguesa pelo álbum Sambadeiras.
Com mais de 2 miilhões de discos vendidos e uma marca inédita de 130 álbuns lançados desde o início da carreira, não há quem não pense em outro nome que não seja o de Luiz Caldas quando se fala de pai da Axé Music.
O estilo único de fazer música que mistura o pop com reggae, com toques caribenhos, ijexá, frevo e samba, transformou o jeito de se fazer música na Bahia e de se pensar a arte como forma de expressão para artistas locais.
Em mais um dia 19 de janeiro, a Bahia celebra um dos maiores marcos da cultura local e em vida, reconhece a importância de Luiz Caldas para a história do estado e da música como um todo.
Fonte: iBahia