Sob risco de salto na inflação, Lula deve discutir desoneração da gasolina na segunda

Nos cálculos da Abicom, gasolina deve saltar cerca de 69 centavos a partir de quarta-feira (1º), impacto na inflação pode chegar a 0,75 pontos percentuais segundo especialistas

Foto: Agência Brasil / Reprodução


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), na próxima segunda-feira (27). O encontro marcado para às 18h deve tratar a desoneração dos combustíveis que só vale até o meio da semana que vem segundo interlocutores ouvidos pela CNN.

A regra só vale até o final de fevereiro, que termina na terça (28). A partir de quarta-feira (1º), postos de combustíveis já terão que pagar os impostos federais para vender gasolina, o que deve fazer o preço subir instantaneamente.

Nos cálculos do economista André Braz, da FGV, a previsão direta de impacto é de uma inflação 0,75 ponto percentual maior no mês de março. O salto se deve ao fato de que o IBGE calcula um peso de 5% do combustível no orçamento familiar.

Mesmo com a taxa alavancada, o IPCA de março desse ano deve ser menor que o do mesmo mês do ano passado segundo o especialista. Em 2022, o mês teve alta de 1,6% na inflação. Nesse ano, a estimativa dele é algo em torno de 1%. Tudo vai depender do comportamento dos preços de alimentos e vestuários.

O IBGE divulga a inflação oficial do mês sempre no mês seguinte. O índice que será divulgado no dia 10 de março deve captar o aumento das mensalidades escolares que é pesquisado em fevereiro. Já o IPCA de março, que será divulgado em 11 de abril vai apontar o impacto da gasolina caso a desoneração chegue ao fim.

Mudanças nos preços da Petrobras

Havia uma expectativa de que até terça, a Petrobras conseguisse fazer uma mudança na política de preços da estatal, derrubando a paridade de importação e estabelecendo um fator que não provocasse a disparada nas bombas.

O problema é que, para isso, Jean Paul Prates precisaria de um plano pronto e validado pelos conselheiros e diretores da estatal, o que não aconteceu. Prates já apresentou os nomes de quem quer na diretoria e também já tem parte da lista dos que quer ver no Conselho. A posse, no entanto, está marcada para abril.

Os remanescentes nos dois colegiados da Petrobras são da gestão de Jair Bolsonaro (PL) e seus respectivos indicados para a presidência da Petrobras: Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna, José Mauro Coelho e Caio Mário Paes de Andrade.

Em visita ao Rio de Janeiro, no fim do mês passado, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, já havia dito à CNN que não havia discussões em curso sobre uma eventual prorrogação da desoneração de impostos sobre a gasolina, o querosene de aviação e o gás veicular.

Coelho na cartola

Nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o litro da gasolina deverá aumentar em cerca de R$ 0,69 e o do etanol em R$0,24.

“Pegamos o PIS/Cofins e a Cide da gasolina e o PIS/Cofins do etanol anidro, que também vai voltar. Com base na proporção a gente calculou o valor”, conta o presidente da Abicom, Sérgio Araújo à CNN.

“Além do aumento do custo para o motorista, aumenta também a competitividade do etanol, que terá reajuste menor que a gasolina. Pesa no bolso do consumidor e impacta na inflação, mas por outro lado permite aumento na arrecadação do governo federal”, completa ele.

Pessoas que acompanham essa discussão dentro da Petrobras dizem que não há como, a essa altura, tirar um ‘coelho da cartola’. Uma mudança em tão pouco tempo, de uma hora para outra, sem estudos, poderia causar um impacto muito negativo no mercado.

CNN Brasil

Comentários


Instagram

Facebook