Ancestralidades e multiuniverso compõem a ExpoArte 11 em Vitória da Conquista
Texto e fotos Fábio Agra
Onze artistas residentes em Vitória da Conquista trazem pela segunda vez ao público uma exposição que transcende o tempo. Ancestralidades de matrizes africanas e indígenas, mundo da cultura pop, materiais recicláveis e traços que penetram no contemporâneo e também na memória, são alguns dos atributos que pode-se observar e mergulhar ao visitar a ExpoArte 11.
Entre esculturas, ilustrações, colagens, pinturas feitas a lápis de cor e aquarela enxerga-se um pouco da cosmologia pachamama e pachapapa, assim como os olhares, corpos e raízes que brotam de cada obra. Os universos da exposição que está em cartaz na Casa Memorial Régis Pacheco até o dia 2 de junho nos recordam que somos muito mais do que o aqui e agora.
Esses universos nos apontam para a nossa existência fragmentada através de muitos tempos e espaços que se entrecruzam, seja na reutilização de materiais que consumimos e descartamos, mas que podem se transformar posteriormente em arte, ou também como transportamos todas as nossas experiências a partir das nossas ancestralidades e vivências do cotidiano.
Esta é a segunda exposição que este grupo independente de 11 artistas, que antes tinham expostos seus trabalhos apenas nas redes sociais, realiza em Vitória da Conquista. A primeira foi no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, quando teve essa mesma exposição em cartaz por um mês, de 20 de março a 20 de abril. Agora na Casa Memorial Régis Pacheco, o grupo sai mais uma vez do ambiente virtual para dar visibilidade a suas obras em um espaço físico.
Bartira Hitakiã ao lado de suas esculturas
Esta proposta de fazer um coletivo, de juntar pessoas que produzem arte, surgiu há pouco tempo, há cerca de um ano. “Como a gente já trabalha nas redes sociais, fazendo a divulgação, trabalhando com encomendas, tivemos essa ideia de nos juntarmos. Raquel Dantas (artista) foi a pessoa que nos juntou, que reuniu o grupo. E fizemos a nossa primeira exposição no Centro de Cultura”, diz Bartira Hitakiã, uma das artistas, sobre a formação do grupo.
Para a exposição na Casa Memorial Régis Pacheco, as diversas linguagens e cores se expressam a partir do olhar de cada artista e com o mundo que o compõe, como nos relata Hitakiã:
“Cada artista tem uma forma de expressão. No meu caso eu faço esculturas personalizadas voltadas para o mundo Geek, mas para essa exposição eu pensei em trazer algo mais voltado para a minha ancestralidade. Então fiz um trabalho mais voltado para a questão da minha fé. Tem outra artista também, a Samylle Teles, que fez também voltada mais para a questão da fé dela. Raquel fez ilustrações inspiradas em um livro. Bruna que faz questões voltadas para a vivência dela. O Nery que faz esculturas e trabalha com essa questão da sustentabilidade, reutilizando materiais reciclados. O Lobo traz várias questões do cotidiano, o Eric da mesma forma. A Cris ela faz colagens e tem essa questão do feminino. E o Breno que faz algo voltado mais para o mundo Geek. Então cada um traz um pouco de si nessa exposição”, relata Hitakiã que é de religião de matriz africana e expõe suas esculturas dos universos indígenas e de religiões afro.
Os artistas que compõem o grupo independente e estão com suas obras expostas são Bartira Hitakiã, Breno de Oliveira, Bruna Matos, Carl Sanches, Cristiane Silva, Eric Santos, Márcio Lobo, Rafael Bittencourt, Rafael Ney, Raquel Dantas, Samylle Teles
A ExpoArte 11 fica em exposição até o dia 2 de junho na Casa Memorial Régis Pacheco, das 9h às 12h e das 14h às 18h, com entrada gratuita.