Entrevista e produção de Ricardo Gordo

Esta semana se inicia com o caso de acusação de assédio moral contra o ex-diretor do Surte (Sistema Uesb de Rádio e Televisão Educativas) e professor do curso de Jornalismo da Uesb, Rubens Sampaio, ganhando novos contornos.

Nessa segunda-feira houve no Salão do Júri da Uesb um evento com uma carta manifesto e com a presença de professoras da instituição e mulheres da comunidade externa chamando a atenção para o assédio moral. No mesmo dia, a reitoria da Uesb publicou uma Nota de Esclarecimento reiterando que as investigações contra o ex-diretor do Surte seguem em curso. E nesta terça-feira, o professor Rubens Sampaio, acusado de assédio moral por jornalistas que trabalhavam no Surte, concedeu pela primeira vez uma entrevista para falar sobre o caso.

O repórter Ricardo Gordo entrevistou com exclusividade o professor do curso de jornalismo e ex-diretor do Surte. A entrevista foi ao ar primeiro no programa UP Notícias, da UP FM, e disponibilizada à Mega Rádio através de sua coluna Notas de Ricardo Gordo.

Durante a entrevista de aproximadamente 12 minutos, Rubens Sampaio nega que tenha praticado assédio moral e faz acusações de desvios éticos contra as pessoas que o denunciam, sem citar nomes.

As acusações de assédio contra Rubens Sampaio à ouvidoria da Uesb e ao Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia) surgiram no início de março deste ano. Os relatos feitos por jornalistas que trabalhavam no Surte revelaram perseguição, intimidação, isolamento dos grupos de trabalhos, transferências de setor como forma de perseguição e invasão de privacidade, como foi detalhado em matéria publicada pelo Conquista Repórter, ainda em março de 2023.

Com as denúncias vindo à tona, a Uesb abriu em um primeiro momento uma Sindicância e afastou o então diretor, Rubens Sampaio, de suas funções.

Em Nota de Esclarecimento publicada nessa segunda-feira (9) e assinada pela reitoria da Uesb, a instituição diz que vem apurando as denúncias e que abriu um Processo Administrativo Disciplinar ao acolher parcialmente as denúncias, após Decisão do Relatório da Comissão de Sindicância sobre o caso.

“A Decisão sobre o Relatório da Comissão de Sindicância envolveu a instituição de Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), já designada desde 05 de outubro, em desfavor do servidor denunciado, ‘por suposta prática de atos abusivos e de assédio moral no âmbito’ do Surte”.

No entanto, duas denúncias não foram acolhidas pela instituição. A primeira diz respeito à acusação de violação de sigilo do WhatsApp de uma das jornalistas, que alega ter sido tirado inclusive prints de suas conversas quando o aplicativo estava logado no computador. E a outra acusação não acolhida é em relação ao envolvimento de pessoas subordinadas ao ex-diretor nos casos de assédio moral.

Ainda segundo a nota da reitoria da Uesb, “a Decisão, portanto, concluiu pelo acolhimento parcial das recomendações ali contidas, assegurando, no entanto, a instituição de Processo Administrativo Disciplinar para seguimento da apuração e decisão em torno das denúncias inicialmente apresentadas, conforme Portaria já citada nesta Nota – Portaria nº 655/2023, de 05 de outubro de 2023, ‘apurar a conduta e responsabilidade do Docente de matrícula nº 72.376880, por suposta prática de atos abusivos e de assédio moral no âmbito do Sistema Uesb de Rádio e Televisão Educativas (Surte)’. Garantindo-se, evidentemente, no âmbito do PAD, o direito elementar do denunciado em exercer sua “ampla defesa e contraditório” perante uma Comissão capaz de atuar de forma imparcial e impessoal”.

Ontem à noite, como forma de promover uma reflexão e pressão contra o assédio moral e contra possível leniência da própria Uesb, professoras da instituição e mulheres da comunidade externa promoveram no Salão do Júri da Universidade o evento “Não ao Assédio Moral e Sexual na Uesb: um manifesto contra a leniência institucional” que apresentou também uma carta manifesto para assinaturas. Este movimento contra assédio moral e sexual na Uesb é motivado justamente pelas denúncias realizadas na Ouvidoria da instituição e no Sinjorba contra o professor e ex-diretor da Surte, Rubens Sampaio.

O evento contou com a participação da professora do curso de História, e uma das integrantes do manifesto, Márcia Lemos, e também das professoras da instituição Maria Madalena Souza dos Anjos, Sofia Manzano e Luciana Santos Silva, que também é presidente da OAB subseção Vitória da Conquista.