TRABALHO OU LABUTA?
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Por Vanda Araujo
Como devo me dirigir a você, se trabalhador ou labutador, é definido pela sua relação com o seu fazer como profissão.
O seu é um conjunto de atividades realizadas com um propósito ou um fazer árduo e penoso? Nesse caso, a ideia de que trabalho é coisa de escravo ou a ausência de sentido na sua execução fazem toda a diferença nessa relação.
Além do tempo considerável em que se permanece no ambiente laboral, a importância dessa reflexão se deve à grande expectativa e planos que são depositados no ofício e às múltiplas possibilidades de desenvolvimento, autoconhecimento e autoconfiança que seu fazer pode proporcionar, contato que se estabeleça com ele uma relação saudável.
Se você tem mais de quatro décadas de vivência lembra do quanto se buscava a estabilidade financeira, um bom plano de saúde e uma previdência privada, a fim de garantir uma aposentadoria digna. Ingressar em uma empresa e construir uma carreira na corporação era o propósito maior.
As novas gerações estabelecem novas relações e diferentes objetivos com as empresas e vem modificando significativamente as relações de trabalho.
O que não mudam são os desafios de se manter em equilíbrio o bem-estar mental, físico e emocional para se cultivar boas relações interpessoais, uma vez que se comprova nos relatos clínicos e na experiência própria o impacto que relações de trabalho conflituosas podem exercer sobre a saúde, individual e corporativa.
As novas gerações valorizam a liberdade e buscam ambientes profissionais onde possam inovar e expressar suas ideias. Em paralelo, buscam desenvolver novas habilidades, desempenhar uma atividade com propósito, mantendo a qualidade de vida e a independência, tudo isso com um certo imediatismo.
Quando as coisas não acontecem, a insatisfação pode gerar desde estresse e frustrações, até doenças mais graves como depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico. A consequência do impacto negativo no dia a dia da corporação é a interferência na produtividade e até mesmo no clima organizacional.
O investimento no autoconhecimento tem se tornado uma consciência relevante, pois seus benefícios na construção de relações de trabalho mais positivas se mostram um importante fator de proteção da saúde mental.
Antigamente as empresas ficavam atentas aos custos com processos trabalhistas, mas hoje as perdas com um empregado adoecido são consideradas num aspecto mútuo, o que não impede que os custos das doenças ocupacionais continuem subestimados.
Diante da nova realidade pós-pandêmica conhecer o valor do seu trabalho pra você e se está concedendo um valor exacerbado ou realista a ele é essencial. Afinal, a vida não pode ser feita apenas de trabalho e as habilidades de um profissional são apenas uma parte de quem ele é.
Dê atenção às demais áreas da sua vida. Profissionais que não possuem uma relação saudável com o trabalho costumam se recriminar quando não estão pensando em trabalho ou quando dedicam o seu tempo e energia para outra coisa. Além de trabalhar excessivamente, esses profissionais alimentam pensamentos e emoções negativas sobre si mesmos. Você se identifica?
Aproveite bem o seu tempo. Profissionais precisam aproveitar bem o seu tempo de produtividade e de lazer. Fazer pequenas pausas durante o trabalho para deixar o cérebro descansar e recobrar o foco, bem como dormir as horas necessárias para o descanso e praticar exercícios para promover a circulação do sangue e o bem-estar.
Construir uma relação saudável com o trabalho não acontece da noite para o dia, é fruto de uma autoavaliação cuidadosa, buscando identificar o que pode ser revisto e, aos poucos, colocar as mudanças em prática.
O trabalho é uma área importante das nossas vidas, mas é preciso lembrar que seu “fazer” reflete quem você é. A dedicação crescente de alguns à vida profissional em detrimento da pessoal pode estar sinalizando uma forma de se compensar uma dor emocional, ou fuga de situações difíceis em outras esferas, que não se quer entrar em contato ou não consegue enfrentar. Como chega aí?
Se você entende que a vida profissional tem provocado mais sofrimento do que realização, se seu labor te provoca desânimo ou se ele está se sobressaindo às demais áreas de sua vida, busque o auxílio psicológico para compreender melhor o que está havendo e redirecionar a sua rotina visando a sua qualidade de vida.
Se você pudesse excluir a necessidade de dinheiro, qual tipo de trabalho você realizaria com prazer?
Buscar se conhecer e aprender a encontrar sentido no fazer é uma forma de ressignificar o conceito do trabalho como tortura para o de prazeroso digno e abundante. Você merece viver assim!
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Sobre a autora: Eu sou Vanda Araujo (abreviatura, viu?!). Sou graduada em Psicologia, especialista em Terapia Familiar Sistêmica, com formação em Terapia Comunitária Integrativa e em Análise Corporal. Atendo adultos (individual e casal) de forma predominantemente remota e te afirmo que a maior distância entre as pessoas não é geográfica, é afetiva. Não importa em que parte do mundo você esteja, a distância é indiferente. O que é realmente importante é a relação sincera e confiável que estabelecemos entre eu e você.
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