PARA SE ENCAIXAR, UM ABRAÇO!

  • Laís Sousa

Foto: wefashiontrend


 

Por Laís Sousa

A banda mineirinha Jota Quest canta, inspirado em um texto da cronista Martha Medeiros, a música “Dentro de um abraço”, em que afirma que não há melhor no mundo para se encaixar. Após uma temporada pandêmica de isolamento, como não comemorar a efêmera data 22 de maio reconhecendo o abraço como um dos mais nobres e sinceros atos de amor?!

Dia desses terminei o livro “Colo, por favor!” do meu querido Fabrício Carpinejar. Em reflexões sobre solidão, gentileza, medo, esperança, sentido de vida e falta de sentido também, o autor reforça como só o afeto, o abraço, o colo são capazes de matar a enormidade da falta que nos aflige, dos vazios que ficou; O “além de queda, coice” que grita na cabeça quando sabemos de uma guerra que se formou enquanto temos mortes que nem digerimos ainda.

Mas é nesse contexto, em que não estamos psicologicamente preparados e, na verdade, todo mundo quer um abraço… que podemos pensar também um outro lado; quando o abraço deixa de ser os laços que formam “nós” e passa a formatar uma forca com proposta de melhor encaixe. Explico: 

Eu já tive um amorzinho que era fissurado em futebol. E eu que sempre entendi escanteio e só aplicava meus conhecimentos de Copa em Copa, virei a torcedora mais assídua do Flamengo no Brasileirão à época, ainda que ele torcesse para o São Paulo. 

Outro amorzinho era meio mimado, fazia manha e queria comida no prato. Eu que nunca fui assídua nem mesmo gosto de cozinhar, comecei a me aventurar no universo gourmet com a desculpa de que "não custa agradar". O limite do agrado era a comida no prato, eu fazia suas preferências, mas pra se servir ele tinha que se virar. 

Eu que sempre tive uma versatilidade com flexibilidade musical, me peguei ouvindo mais rock em engenharia, mais MPB em jornalismo, aprendi forró pelo apelo regional e quase ouvi um álbum inteiro de reggae com música clássica mesmo preferindo pop, funk e tecno. 

Frequentei cinema, museu e teatro... nem sempre pelas atrações que eu quis e me chamavam atenção. Das artes nunca reclamo, mas me arrependeria se não tivesse ido também aos shows e sessões para os quais não achei com quem. 

Não cheguei a me inteirar no mundo dos jogos e das cervejas por alguém, mas já fui em ambientes apenas para ser companhia, não me sentia do meio e não conhecia ninguém. Revezava sorriso sem graça, “ahãs” e “ah é” para ser agradável e tentar olhar menos para o além. 

Não é sobre mim, ou pelo menos, desejo que o foco sejam as experiências. Podem ser sobre carência, necessidade de afeto e manter um relacionamento.

Com essa lista de pequenos fatos quis mostrar que, ainda que você saiba sua identidade e tenha personalidade, a gente se submete...como diria o Olaf da Frozen, por algumas pessoas a gente derrete. Tenta caber, se encaixar. A questão não é se vale a pena, é quanto de você se perdeu no tempo ou se deixou pra lá. 

Eu sei, já se fragmentaram um pouco por mim também, especialmente para sustentar o ego e ciúmes no mundo da dança. Mas não é sobre quem mais abre mão pela liberdade autonomia do outro, que nem devia ser questão, é sobre o equilíbrio de ser quem se é e não se perder ou afastar para se sentir parte do universo de alguém.

As relações assim passam, e fica quem? 

Ser retalho de lembranças alheias não faz bem.

Ter um abraço é ter espaço, não um formato. Para encaixar hoje, sobretudo, se abrace também!

 

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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!

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Laís Sousa

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