3% DOS BRASILEIROS SE ACHAM FEIOS. E QUANTO ÀS BRASILEIRAS?


 

Por Lays Macedo

Uma pesquisa publicada, na semana passada, pela revista GQ Brasil em parceria com o Instituto Ideia concluiu que apenas 3% dos homens brasileiros se consideram feios. Bem, bom para eles, bem resolvidos com a aparência, esbanjando vaidade etc. etc. etc., mas e "nois cum isso"

Vou precisar traçar paralelos quanto às realidades. Enquanto homens se afirmam satisfeitos com o que são, uma pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, sigla em inglês), lá em 2013 ainda, as mulheres tinham sido responsáveis por 87,2% de todos os procedimentos estéticos, cirúrgicos e não cirúrgicos, no mundo todo. 

Agora pasmem! O país dos homens satisfeitos é o país com o maior número de realizações de cirurgias plásticas no mundo. Com aproximadamente 1,5 milhões de cirurgias ao ano, ultrapassando os Estados Unidos e o México, no topo do ranking de cirurgias no Brasil estão algumas como, por exemplo, mamoplastia de aumento, blefaroplastia (correção das pálpebras), lipoaspiração (retirada de gordura abdominal) e rinoplastia (correção do nariz). E, somente nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Entre as cirurgias mais procuradas por adolescentes estão os implantes de silicone, a rinoplastia e a lipoaspiração. 

É mesmo difícil pensar em números tão baixos quanto o da pesquisa citada no início deste texto dentro do público feminino. Há indústrias muito intere$$adas em manter mulheres inseguras e insatisfeitas com suas aparências fisicas, aproveitando da idealização de uma feminilidade extremamente apegada à "beleza" - como um padrão único a ser seguido e ignorando toda pluralidade possível a nós. Campanhas sutis, ou nem tanto, nos levam à dificuldade em nos aceitarmos, à comparação excessiva com personagens que são exceções e ao descontentamento constante com a aparência - tudo cooperando para criar insegurança em outras áreas das nossas vidas também. 

Enquanto eles, apenas 3% abalados, nós, mulheres, nos tornamos o alvo perfeito para insatisfação ao ter uma sociedade empenhada em minar nossa autoafirmação.

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Sobre a autora: Lays Macedo é jornalista - orgulhosa por ser da Uesb - e estudiosa do feminismo - ativa e atuante. Também faz parte do quadro da segurança pública da Bahia. Adora conversas e tudo aquilo que disseram para ela que mulher não pode.

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Lays Macedo

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