UM POUCO MAIS DE SÃO JOÃO
Foto divulgação Marco Peixoto
Por Laís Sousa
Depois de tempos sombrios e isolados, com direito a devastações naturais e pandêmicas cujas lembranças e os índices flutuantes do vírus não nos permite viver os dias desprevenidos ao menos das vacinas e máscaras, nos é dada a oportunidade de respirar e reviver uma das mais tradicionais e queridas festas na nossa região nordestina: o São João. Não é mentira…
Vamos ter São João, sim! Já vemos uma predominância xadrez, o resgate das botas e bandeirolas para todo lado. Queira São Pedro que tenhamos o direito consciente e responsável à fogueiras, fogos, amendoim, milho e derivados, licor e quentão. Com fé na barraca do beijo, esse ano tem gente disponível até para a montagem de palco e bastidores de quermesse… As tradições permaneceram vivas em nossos corações!
A classe artística e promotora de eventos, sem dúvidas foi uma das mais afetadas economicamente durante a pandemia. Muitos profissionais impossibilitados de trabalhar e consequentemente sustentar famílias retomam seus afazeres que perduram sobretudo por talento e paixão. Nem só de live e patrocinadores puderam sobreviver os pequenos grupos, bandas, os artistas locais… Essa retomada é, acima de tudo, necessária!
E nessa perspectiva me lembro que, em plena época junina de 2020, houve um “reboliço” no meio forrozeiro nordestino porque Léo Santana foi convidado a participar de uma live de São João. Nenhum problema com a diversidade musical, tem público para tudo. A questão é que, esse período é propício para um estilo musical específico que não tem tanto espaço o ano inteiro. Não faltam nomes que ficam às margens dos convites e grandes contratos…
Não é de hoje que as festas fechadas cobram alto por artistas famosos em detrimento dos locais. Tem quem pague. Mas quando isso alcança o nível público torna-se insustentável. Será mesmo que nossos artistas não seriam capazes de oferecer lazer ao tempo que recebem reconhecimento?
Em acontecimento recente que envolveu toda a hipocrisia crítica de artistas sertanejos, uma das cidades baianas afetadas pelas calamidades das chuvas no final de 2021 foi obrigada a cancelar um contrato milionário ao sertanejo Gusttavo Lima para as comemorações juninas. A cidade literalmente fez vaquinha para arrecadar ajuda para se restituir e oferecer o mínimo para seus habitantes. Não há dúvidas de que essa população precisa sorrir, precisa esquecer os problemas, precisa ter garantido o lazer… mas a que preço? em detrimento de saúde, educação e saneamento básico? Onde ficam as raízes de simplicidade e coletividade do São João?
Nessa reflexão necessária convido a todos ao bom senso, especialmente de colaborar e patrocinar eventos e produtos de pequeno negócios e que valorizam o que temos de melhor também.
Recorro a expressão “um pouco mais”, do meme originado pelo humorista Thiago Ventura quando expressou deboche e ironia ao responder sobre quantos homens sua tropa lutaria se fizesse parte do exército espartano do filme 300.
Então, quando eu falar São João, vocês respondem: “um pouco mais”. Não precisamos de mais tempo, de mais festa, de mais contratos milionários e famosos. É de São João que a gente precisa. Um pouco mais de tradição, um pouco mais de forró, um pouco mais de cultura local, um pouco mais de comunhão nas festas juninas…
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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!
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Laís Sousa
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