CLAREOU AGOSTO DE DEUS PARA NECESSIDADE DE ESCURECER!
Foto: Divulgação
Por Laís Sousa
Final de domingo, último bloco do Show da Vida - Fantástico e a entrevista de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank deixa a apresentadora Maju visivelmente comovida com mais um claro espetáculo branco.
Maju, uma das nossas referências de representatividade, noticiando um acontecimento que lhe toca diretamente e, desde tão cedo, a tantos outros negros cuja escuridão reluz ao redor do mundo.
Final de julho de 2022 e as redes sociais foram tomadas por notícias que mostram discussão da mãe de Titi e Bless com uma BRANCA RACISTA que, em outro flagra, foi levada pela polícia portuguesa convocada pelo pai das crianças.
Aos 7 e 9 anos foram vítimas de insultos como “pretos imundos” em exigência que “voltassem para África” e se retirassem do restaurante em que estavam. Quem é ofensiva? Onde está o direito? Quem tem espaço? Qual a sobriedade?
Final: Não há descanso de um problema que não tira férias. Um tapa não corrige o que nem uma porrada corrigiria. Uma prisão temporária não educa o que não devia fazer parte de uma estrutura... e eis que é exposta publicamente uma situação que corriqueiramente emerge, sempre surge sorrateira ou declarada, sem vergonha, sem pudor, cruel e extremamente violenta. E aqui uma criança assustada e já atenta presenciou pela primeira vez a reação contra uma, quem sabe de quantas, atitudes opressoras que enfrentará na vida.
Final de apenas uma situação da qual não se tem proteção. E assim começamos agosto… Pesado! O mês longo, o mês sem folga-feriado ou respiro, o mês que permeia as brincadeiras sobre incerteza, o mês cujo sol regido por leão traz um tanto de determinação, autoconfiança e coragem… porque é preciso permanecer atento e forte, reagindo e combatendo até o último fôlego do racismo.
E qual o fim?! O racismo não poupa ninguém, independente da posição social, condição financeira, idade, gênero e classe. O racismo está no calar, no fingir não ver nem escutar.
Na cumplicidade do sangue e da descendência. Faz parte do crime estar confortável no privilégio, na falta de aprendizagem e de convívio. Faz parte do crime não ser racista, mas também não se preparar e fortalecer sendo antirracista.
Poderia o racismo também ter um final? A obrigação de enfrentá-lo não é apenas da vítima ou de seus pais. Aliás, “vocês brancos que (briguem) se entendam”! É obrigação do Estado, da sociedade e de toda a comunidade que está diante de situações que são desumanizantes e, no entanto, não se sentem empáticas. É obrigação!
E não se limita a crianças, pois ao defender-se, muitos pais e mães pretos; pretos e pobres; pretos, pobres e solo… são criminalizados para permanecer num lugar de descrédito e insegurança.
No fim, se a atitude da Gio fosse a de uma mãe preta, ao invés de ser aclamada como leoa, perderia a razão como louca, agressiva e barraqueira. Se o pai preto chamasse a polícia, não seria uma atitude de proteção, mas de exagero e vitimização.
Então sim, ainda que tenham levado os filhos adotivos para se divertir no berço da escravidão, é preciso que nesses espaços existam pessoas como esses pais brancos para travar a batalha de forma que certamente a família angolana presente no restaurante não poderia; para chamar a atenção e repercutir sobre o quanto o racismo é perverso e precisa ser combatido na origem.
Por fim, se a coisa estivesse preta, certamente estaria melhor. A quantos anos se luta para clarear andando para baixo e para trás de forma tão sombria?! Agosto de Deus não, a hora de escurecer é agora, não dá mais para assistir em distância cômoda e confortável. Tá muito perto e o terror é real. Racismo é o fim!
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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!
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Laís Sousa
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