O PAI TÁ ON MESMO?
Foto:LV ADESIVOS E ESTAMPAS
Por Laís Sousa
Não se sabe bem onde a expressão “o pai tá on” surgiu, mas ela caiu no gosto do povo após ser publicada em um tweet do jogador de futebol Neymar. On vem de online, palavra em inglês que significa conectado, ligado. A expressão reúne a autoridade do posto paterno com o estado disponível, ativo ou disposto.
No entanto, neste domingo (14) em que se comemora o Dia dos Pais, para muitas crianças e adolescentes que não têm referência fica a questão: o pai tá on mesmo?
De acordo com o Censo Escolar realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e divulgado em 2013, há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento. Só em 2021, 53,9 mil não tiveram o pai reconhecido no registro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem nada menos que 11 milhões de mães solo no Brasil, chefes de família muitas vezes em vulnerabilidade social.
Isso nos faz pensar em como devemos encarar com mais seriedade a paternidade e referenciar não mais como uma autoridade provedora, mas como um lugar de responsabilidade, uma vez que, somada às questões econômicas, a irresponsabilidade paterna agrava vários problemas sociais.
Se tantos pais não estivessem “off” de suas obrigações e fossem mais presentes na vida de seus filhos, desejados ou não, planejados ou não, os índices de situação de rua, criminalidade juvenil, gravidez na adolescência, consumo de drogas e outros sintomas de desestruturação do sujeito poderiam ser reduzidos.
Pai não é somente quem dá a origem biológica, sabemos, mas muito além de um confortável lugar de autoridade, precisa ser aquele que está conectado, ligado, disponível, ativo e disposto na função.
O pai está conectado na formação e educação de um ser humano que precisa de segurança e afeto? O pai está ligado nos paranauês da troca de fralda e temperatura da mamadeira? O pai está disponível e capacitado para cuidar da criança na ausência de outro adulto? O pai está ativo na escuta e no diálogo? O pai está disposto a abrir mão e fazer concessões de suas próprias vontades?
Qualquer coisa diferente de ser efetivamente um pai presente e mais próxima de um pagamento em dia da pensão, não é mais que obrigação. Pai precisa ser o tempo inteiro, porque estar on é passageiro.
Que os pais aprendam ser e se entendam como pais, para que um bordão não seja mera expressão temporária. Que “pai” faça lembrar a todos sobre responsabilidade, muito mais que autoridade. E que se não for para assumir e se transformar, arranje uma forma de não se tornar um pai, porque a condição off não tem valor algum.
Para validar o feliz dia de hoje, que existam mais on’s inspiradores que off’s inspirados. E aos on’s, o reconhecimento e mérito de ser Pai!
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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!
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Laís Sousa
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