COISAS QUE O EZILI ME ENSINOU
Foto: Arquivo pessoal do Ezili
Por: Ingrith Oliveira
O Ezili me libertou e me ensina diariamente sobre como viver minha sexualidade livremente, sem medo do julgamento alheio. Inicialmente a ideia de abrir uma sexshop surgiu pelo desejo de uma mulher que sempre sonhou em ter seu próprio negócio.
Mas em pouco tempo, o Ezili passou a suprir outras necessidades imateriais. Esse processo tão valioso me transformou completamente e eu quero compartilhá-lo com vocês.
Eu não conhecia meu corpo, não sabia o que era ter orgasmos a sós, não sabia quais posições eu gostava, não alimentava minhas fantasias sexuais ou sequer entedia que tipo de sexo me agradava. Está pouco? Eu também não sabia que merecia ter tanto prazer como meu parceiro.
Afinal eu e milhares de mulheres não fomos educadas sobre isso. O Ezili me mostrou caminhos e ferramentas para potencializar o meu prazer, minha autodescoberta e toda potência que a mulher carrega dentro de si.
Os atendimentos me ensinam bastante. Estar como ouvinte e mediadora de pessoas com histórias e personalidades diferentes, ampliou minha percepção e entendimento sobre a sexualidade humana, especialmente sobre o prazer feminino.
Apesar da maioria de nós sermos reféns de uma educação repressora, cada uma possui necessidades singulares. Não basta intimar outras mulheres a se tocarem, seja com dedos ou brinquedos.
Nesses encontros, eu percebi que cada pessoa tem seu tempo, suas próprias viradas de chaves e seu próprio processo. É extremamente gratificante quando meu trabalho alcança pessoas que estiveram em minha antiga posição.
E quando essa pauta alcança mulheres que convivem comigo, especialmente minha mãe, vó e tias, a satisfação é ainda maior. Falar de sexo com pessoas de outras gerações da minha família era um tabu imenso, hoje faz parte das nossas rodas de conversa com muita naturalidade e espontaneidade. Minha mãe é a própria missionária dos sugadores e ainda incentiva outras mulheres da idade dela sobre a importância do autoconhecimento feminino.
Aprendi também a me comunicar melhor sobre meus desejos. E principalmente, que não devo fazer coisas fora do meu limite para agradar “seu ninguém”. Me livrei dessa necessidade de ser aprovada com o selo de “boa de cama” pelo outro. Hoje eu vivo o sexo como um encontro e não como uma briga de egos. Consequentemente, minhas experiencias são mais espontâneas e entregues.
Estudar sexualidade a partir da minha experiência e também de outras pessoas, me mostra várias possibilidades, que antes do Ezili eu nem imaginava existir. Como por exemplo, a fantasia com o ménage é muito mais comum do que imaginam, algumas mulheres tem o desejo de penetrar seus parceiros, existe um fetiche em ser “corno(a)” durante o sexo e outras mais que falaremos muito nessa coluna.
Claro que nem tudo são flores e boas vibrações. Quando uma mulher se propõe a falar sobre sexo abertamente, ela desafia o incomum e com isso fica vulnerável a situações degradantes, assédios e julgamentos. Mas ainda assim, é uma jornada que vale muito a pena para mim e que dá sentido a minha vida pessoal e profissional.
O mais gostoso disso tudo é que esse processo é continuo, então ainda tenho muita coisa para descobrir e compartilhar aos quatro ventos que o Ezili me leva, inclusive aqui.