FOI SÓ POR SER MULHER, SIM
Por: Lays Macedo
“É só um desentendimento entre duas pessoas”
“Não foi por ser mulher”
“Não foi um ataque contra mulheres”
Geralmente nunca é… E, na prática, é exatamente o contrário mesmo. Nada de apenas um desentendimento entre duas pessoas, nem algo que aconteceria se fosse entre dois homens. A maior parte de ataques contra mulheres é floreado para que seja escondido o que há por trás: misoginia.
Misoginia que não precisa ser brutal, como num feminicídio, para existir. A percepção de que uma mulher é resultado de uma “fraquejada” é um exemplo de misoginia também. Posturas óbvias de desprezo a mulheres podem ser sutis - como “piadas” ou silenciamento - ou mais agressivas - como palavras duras e voz intimidadora.
Não esqueça: o tratamento que um homem dispensa a uma mulher que o confronta ou o desagrada deixa evidente o quão machista ele é. E é o machismo que desumaniza mulheres todos os dias e isso resulta em 1 feminicídio a cada 7 horas no país e 1 violência sexual contra meninas e mulheres a cada 11 minutos no Brasil.
Mas, antes de chegar lá, silenciamento e redução da mulher causam adoecimento mental e alteração da autopercepção, por exemplo. Por machismos velados, homens confrontam profissionais e as fazem duvidar dos seus potenciais, homens acuam colegas e as fazem temer certos espaços, homens diminuem feitos de mulheres e as humilham, homens criticam ações de equidade entre os gêneros e fortalecem preconceitos.
Foi só por ser mulher, sim. E foi um ataque contra todas nós, mulheres.
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Sobre a autora: Lays Macedo é jornalista - orgulhosa por ser da Uesb - e estudiosa do feminismo - ativa e atuante. Também faz parte do quadro da segurança pública da Bahia. Adora conversas e tudo aquilo que disseram para ela que mulher não pode.
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