SEM FUGA DA RESPONSABILIDADE
Foto: Divulgação
Por Laís Sousa
Logo na minha base já aprendia com O Pequeno Príncipe a responsabilidade de cativar. Mas nem todo mundo teve esse privilégio... e eu entendo, tem desde o desvio genético ao não saber receber amor.
Eu sempre chorava escondido após conversar com uma pessoa que eu gostava, mas que estava me magoando como fluxo natural. Apenas sabia que chegaria ao meu limite e quando este limite chegasse, daria para ela outro espaço. Mas antes disso, um dia eu não contive as lágrimas em sua frente e ela não soube lidar, tratou drasticamente de solucionar da forma que julgou ser o “melhor” para mim: sumir, deixar de falar e responder!
Veja bem, existem vários perfis de pessoas, uns mais sensíveis e outros mais desapegados. Uns fazem valer a diferença entre o sumir e o somar agradecendo pelo livramento do mal, outros simplesmente não conseguem desprezar ódio a quem um dia amou, e assim vai...
As pessoas são diferentes! As pessoas têm seu tempo, sua forma, suas condições. Não adianta ler em passo a passo de revista a melhor forma de como se afastar de alguém e aplicar o método para todo mundo, porque não vai dar certo... “O melhor”, “o mais fácil” - para quem? Deve-se pensar...
Para alguns o tratamento de choque do desaparecer é eficaz, o tempo faz as memórias diminuírem, é verdade. No entanto, eu sou do tipo de gente que não acredita que uma pessoa sumida deixa de existir, do tipo que reencontra um amigo de infância e vai dedicá-lo o carinho das lembranças, daqueles que acreditam que os mortos permanecem vivos até que morra a última pessoa que lhe guarda no coração.
E aí, a decisão tomada sem que minha opinião fosse requisitada, sem respeitar o meu tempo de realocar a pessoa em outra condição sentimental, ainda que tivesse realmente a intenção de não me machucar, acabou tomando o propósito egoísta de não me ver chorar, pela inaptidão de se responsabilizar pelo que se esforçou de forma inconsequente para cativar, mas o processo me fez sofrer ainda mais.
Fiquei abandonada em meio a dor, equilibrando o gostar, a falta e o não saber que posto dar a um fantasma que sumiu, mas existe.
Contar isso é uma forma de, finalizando setembro, propagar a responsabilidade afetiva como cuidado com o outro. Para que a gente enxergue o outro com suas peculiaridades. Para que não apliquemos fórmulas generalizadas de tratamento. Sei lá, as pessoas estão tão acostumadas em descartar e serem descartadas que é estranho quando alguém “emperra”, dá valor e tenta compreender, né?!
Mas existem esses. Existem os que não vão te abandonar, os portos para onde você pode voltar, os que vão te dar a chance de falar, os que vão torcer para escutar o que deve ouvir, os que vão perceber que você está deslocado na multidão, os que vão tentar recuperar antes de abrir mão, os que estarão onde estiverem por você, sem maiores interesses e comodidades, sem pesar suas escolhas erradas e relevando sua imaturidade.
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Sobre a autora: Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas vagas e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e comentarista por esporte sorte. Vamos fugir!
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Laís Sousa
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