ELEGEMOS COMO SE POLÍTICA NÃO FOSSE PLURAL

Por Lays Macedo

Elegemos, mais uma vez, o Congresso mais conservador e à direita desde 1968 - sim, superando os números de 2018. Outro recorde pouco animador: menor taxa de renovação no Congresso desde 1998.

Entre os 27 "novos" senadores, 10 foram reeleitos. Já na Câmara, dos 513 eleitos em 2022, 285 já eram deputados e um era senador: ou seja, 55,75% ocupavam cadeiras no parlamento no último mandato. Os dados foram apresentados na primeira newsletter do Elas no Congresso depois das eleições do dia 02 de outubro. 

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2019, a população brasileira é composta por 51,8% de mulheres. Ainda assim, nesta eleição, foram eleitas apenas 302 mulheres, contra 1.394 homens para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais.

Neste ano, a representatividade feminina na Câmara aumentou, passando de 77 para 91 (alta de 18,2%). Já no Senado, naquele ambiente que só foi construído banheiro feminino no plenário em 2016, houve queda de 11 para dez senadoras eleitas. Levantamento do Tribunal Superior Eleitoral mostra que, ao todo, foram eleitas 39 mulheres pretas, cinco indígenas, 71 pardas e 184 brancas, de acordo com a autodeclaração de cada uma.

O cenário político continua sendo dominado por homens. O perfil do deputado eleito, por exemplo, se mantém de homem, branco, casado e rico. Dos 513 eleitos para a Câmara, 422 são homens e só 135, negros (já falei que só elegemos 91 mulheres??).

As mulheres de diferentes raças e etnias estão pouco representadas em relação a todos os homens, e o Brasil ainda se mantém bem inferior a outros países da América Latina no quesito de paridade de gêneros na política. 

Mas, ainda que timidamente, vimos crescer o percentual de negras, indígenas e trans eleitas na casa este ano.

Sabendo que há ainda muitas candidaturas laranjas de mulheres, apenas para os partidos atingirem a cota de 30% do sexo feminino, só podemos vislumbrar muita luta até uma mudança de cenário eficiente, com mulheres comprometidas realmente com a pauta e luta por equidade entre os gêneros.

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Sobre a autora: Lays Macedo é jornalista - orgulhosa por ser da Uesb - e estudiosa do feminismo - ativa e atuante. Também faz parte do quadro da segurança pública da Bahia. Adora conversas e tudo aquilo que disseram para ela que mulher não pode.

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