Como Cartola provou que a idade, na arte, é apenas um número
Muita gente acredita que existe idade certa para realizar um sonho e alcançar o sucesso. Entretanto, Cartola, um dos grandes nomes do samba e da música brasileira dos anos setenta, provou da melhor forma que a idade, na arte, é apenas um número.
Foto/Reprodução: Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional
Angenor de Oliveira nasceu em 1908 no Catete, no Rio de Janeiro. Lá, viveu até os onze anos de idade e então mudou-se para o morro da Mangueira junto com sua família, onde começou a frequentar rodas de samba e a tocar violão e cavaquinho. Aos quinze anos de idade, Cartola se tornou órfão de mãe e foi expulso de casa pelo seu pai e então passou a trabalhar para se sustentar. Em um dos empregos em que esteve durante sua vida, a construção civil, ele usava um chapéu e por conta do formato ganhou o codinome “Cartola”, apelido que levou para o resto da sua vida.
Nos anos seguintes, a sua conexão com a música se tornou ainda mais forte. Além de ser um dos criadores da Estação Primeira da Mangueira, Cartola passou a ter artistas interessados em gravar as suas composições, inclusive grandes nomes daquela época, como Nara Leão, que gravou “O Sol Nascerá” no ano de 1964. Com o tempo foi impossível ignorar o seu tamanho e a sua importância para a cena do samba, mas isso ficou ainda mais evidente em 1974, quando o artista gravou o seu primeiro álbum de estúdio, o disco homônimo “Cartola”. Nele, estavam presentes músicas que se tornaram clássicos, como “Alvorada” e “Corra e Olhe o Céu”, além da própria “O Sol Nascerá”. O álbum, que foi gravado quando o artista já tinha 65 anos de idade, se tornou atemporal e alcançou a posição de oitavo melhor disco da história da música brasileira em uma lista feita pela revista Rolling Stone, divulgada em 2007.
Mas ainda era pouco para Cartola. Dois anos depois, em 1976, é lançado o seu segundo disco intitulado “Cartola (1976)”, com clássicos como “Preciso Me Encontrar”, uma composição de Candeia, e outros grandes sucessos como “As Rosas Não Falam” e “O Mundo É Um Moinho”, que o consolidou e fez com que o artista alcançasse o sucesso e o auge com incríveis 68 anos. Foram lançados mais dois discos posteriormente: “Verde Que Te Quero Rosa”, em 1977, e “Cartola 70 Anos”, em 1979, sendo este o último disco em vida do artista.
Cartola faleceu no ano seguinte, 1980, aos 72 anos de idade, e assim chegava ao fim uma das carreiras mais brilhantes que a música brasileira já viu. E que apesar de breve, durou o suficiente para deixar um legado eterno.
Danilo Souza
Estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), músico e produtor audiovisual independente.danilosouza.jornalismo@gmail.com (Email)
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