Trocando Pernas em Ritmo Acelerado: BBB 24 para Iniciar o Ano

Foto: TV Globo

O ano mal começou e já estamos acelerados em 2X, assim como o Big Brother Brasil 24, que chegou lotado como nunca e repleto das reflexões que propõem o jogo da vida real. Diferente do BBB, no entanto, a vida real não tem edição e replay. Precisamos captar o feeling e nos desenvolver no enredo, sem resistência!

A primeira pausa para pensar é sobre a “padrãofobia”, uma espécie de “preconceito reverso” que virou meme, mas é sério o suficiente para causar incômodo ‘tuitado’ por ex-BBBs como Nat Casassola e Bárbara Heck. É como se as configurações de padrão tivessem sido eliminadas ou, pelo menos, atualizadas no BBB 24. O reality, que costumava ter um reduto de privilégios cativo, se torna palco para uma representação mais ampla, por escolha e identificação do público e dos participantes já selecionados. O padrão, que costumava ser prioridade, referência e intermédio entre o ideal e o real, agora vê “favelado” falando por si, contando histórias, exibindo corpos diversos, mostrando marcas que desconstroem e respostas aprofundadas que competem pelo mérito e ganham com substância.

Não se ver representado causa revolta, né?! Mas temos no Brasil um bonde bem grandão de “minorias” com PHD em gerenciar esse sentimento. Pare para ouvir, sente para aprender! As diferenças já começam com a diminuição do camarote e a mudança de regras, mas presenças como Yasmin Brunet, Rodriguinho e Wanessa Camargo ainda surpreendem pela forma poderosa e atrevida de permitir que milhares de pessoas se metam em suas vidas…

A segunda pausa também não é para respirar; falta ar ao pensar em como a inclusão do participante PcD (pessoa com deficiência) destaca a importância de entendermos melhor as diferenças e diferentes necessidades. Não falta capacidade a pessoas como Vinicius Rodrigues, que inclusive nos representa mundialmente como atleta paraolímpico, mas falta estrutura inclusive no BBB 24, que se propôs a ser mais inclusivo.

Antes mesmo de pegarmos ranço, tocarmos o irracional hater e expulsarmos "a tia da merenda" que tinha simpatia de público a segundos antes de ser cogitado como primeiro eliminado com rejeição, precisamos aprender a lição do que costumamos esconder no íntimo de nossas casas ou enviar de volta para o silêncio da sua cozinha: o limite entre o que cabe na irresponsabilidade da brincadeira da quinta série se tornando ofensa que fere. Ao cogitar apelidar uma perna mecânica de "cotinho", Maycon exemplifica claramente como a naturalização sem conhecimento pode soar inconveniente e desrespeitosa.

A vida, como no BBB, é feita de altos e baixos. Todos por aqui e por lá vão errar e acertar. Amanhã ou mais tarde meu baiano preferido pode não ser mais, e os critérios de relevância nem serão iguais... Talvez eu continue considerando que ser ‘planta’ é irreversível por desperdiçar experiências e aprendizagens, enquanto quem se submete a evoluir pode enfrentar um cancelamento com uma boa declaração de cara limpa e blusa branca. Minha torcida segue sendo pelas reflexões necessárias para vencermos o que não dá mais para passar invisível enquanto sociedade, e que nossa atenção ultrapasse a casa mais vigiada do Brasil e alcance a realidade de cada um de nós!


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

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