Muito além do futebol: O país que vale ouro!
Dan Mullan/Getty Images
Não sei você, mas eu cresci ouvindo “país do futebol” com um orgulho que não alcançava meus destaques em baleado, basquete misto e vôlei no colégio. Ouvia sobre uma paixão que vinha de tempos áureos, que tinha uma herança ancestral tanto quanto ignorada, que paralisava em mundial com esperança e saberes técnicos que até envergonha quem não tinha um time e não acompanhava. Cresci ouvindo sobre futebol e, como meu ato de admirar ultrapassa o campo, ultimamente o mais próximo que chego do esporte é de segurar o ranço com toda informação que recebo contra minha vontade e fazem meu coração vibrar e quase torcer ao contrário. Fato, o Brasil sempre foi muito mais que futebol!
Se você ainda duvida, mais uma edição dos Jogos Olímpicos, Paris 2024, veio formasamente desde a cerimônia de abertura para lembrar. Por enquanto, deixe-me contar essa história com o brilho de 14 medalhas no peito: 7 bronzes, 5 pratas e 2 ouros, cada uma delas um testemunho de nossa diversidade e talento que a gente tem de sobra.
Vamos começar com o ouro. Rebeca Andrade, com a leveza de uma borboleta e a força de um jaguar, conquistou o topo do pódio na ginástica artística feminina, categoria solo individual. E como se não bastasse, Beatriz Souza, no judô feminino acima de 78 kg, mostrou que a gente não só tem ginga, mas também um talento em derrubar adversários com elegância e força.
As pratas também brilham! Tatiana Weston-Webb, surfando as ondas parisienses (ou a falta delas), fez a prancha virar varinha mágica e nos trouxe a prata no surfe feminino. Caio Bonfim, com passos calculados e firmes, conquistou a marcha atlética masculina. E Rebeca Andrade, nossa estrela, brilhou novamente na ginástica artística, tanto na categoria geral individual quanto no salto, se tornando a recordista de medalhas nacional. O jovem Willian Lima, no judô até 66kg, mostrou que a arte de cair e levantar é um talento brasileiro nato.
Agora, vamos aos bronzes. Gabriel Medina surfou para o terceiro lugar no surfe masculino, enquanto a equipe de ginástica artística feminina - composta por Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares - mostrou que juntas são imbatíveis. Rayssa Leal, nossa fadinha do skate, rodou e girou para um bronze reluzente. Larissa Pimenta, no judô até 52kg, fez bonito e trouxe mais uma medalha para o Brasil. E não podemos esquecer da força e determinação de Bia Ferreira no boxe feminino, e do esforço coletivo no judô por equipes, que nos deram ainda mais razões para comemorar.
Essas vitórias vão além do pódio. Elas representam uma quebra de silêncio, um movimento de decolonialidade. Não estamos apenas ganhando medalhas; estamos desmantelando estruturas coloniais que invisibilizam nossos talentos e histórias. As Olimpíadas são, de fato, uma festa que exalta o esporte em sua forma mais pura e diversa, e nossos atletas são os protagonistas dessa celebração.
Uma cena épica que ficará para sempre gravada na memória coletiva é a do pódio se curvando para Rebeca Andrade. Gigante! A parceria sincera entre mulheres, especialmente a de Rebeca e (casca) de Bailes, é um exemplo raro e valioso. Não somos inimigas! Mulheres negras, mulheres gordas, mulheres em sua essência estão carregando as Olimpíadas nas costas, ganhando a visibilidade e a torcida que sempre mereceram. Que isso não tenha os dias contados, pois as Olimpíadas acabam no domingo, mas a luta por reconhecimento e igualdade parece não ter fim.
Então, da próxima vez que alguém disser que o Brasil é futebol, lembre-se das ondas, dos tatames, dos skates e dos tablados. Lembre-se de Rebeca, Beatriz, Tatiana, Caio, Willian, Gabriel, Flavia, Jade, Lorrane, Júlia, Rayssa, Larissa e Bia. Lembre-se das quedas, dos colos, dos abraços, dos gestos, dos olhares. Lembre-se de que somos um país de atletas, de guerreiros, de histórias de superação e de conquistas. E acima de tudo, lembre-se de celebrar cada vitória como se fosse ouro, porque vale!
Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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