Cadeiras no ar e discursos no grito: Quando a política sai do controle

Foto: Reprodução/TV Cultura

Vem chegando as eleições e nesta semana, tivemos no cenário político de candidatos à prefeitura de São Paulo uma cena em que se espreme a comédia da tragédia.  No debate da TV Cultura (um canal E-DU-CA-TI-VO), Datena, conhecido por sua veia polêmica se tornou pauta para seu próprio programa - ou o do Ratinho, que fez questão de convidar os envolvidos para “quebrar o pau” lá - ao resolver "puxar a cadeira" de uma forma um tanto literal demais, atacando Pablo Marçal no meio de uma discussão.

A agressão fez com que o debate fosse pausado e a cadeira, coitada, virou meme instantâneo seguida de fake news, fake dores,  fake quebra de coluna (com pulseira e tantos fakes que têm vindo e crescido em “maça” (“massa” versão Marçal).

Marçal tem sua própria cota de agressões verbais e manipulações políticas, o que faz com que o episódio seja ainda mais bizarro. Esta “cadeirada”, sem nenhum sentido figurado, foi televisionada e, certamente obteve mais audiência que a proposição de ideias, mas, cadeiras são arremessadas todos os dias, o tempo inteiro! Há acusações em forma de cadeira, há ofensas em forma de cadeira.  O caso, que tem seu lado cômico, também revela a crescente tensão e falta de controle nos debates e contexto político geral. É circo, muito circo mesmo!

Em outro ponto de turbulência política, Jojo Todynho declarou que é "uma mulher negra de direita" aos gritos. A questão não é sua escolha política, mas o que isso significa diante das pautas que ela se beneficiou em defender. Como bem colocou a deputada Erika Hilton no “De Frente com Blogueirinha”, Jojo passou de “que tiro foi esse, viado” para o lado de quem quer “dar o tiro”, uma mudança que vai além da escolha política e de uma retirada de vídeo da internet: é sobre compreender a responsabilidade que vem ao se colocar na arena pública. Jojo anunciou que vai se candidatar em 2026, mas política é mais do que um grito ou uma figura polêmica. Se você vai se envolver na política, precisa entender o que isso implica – especialmente ao representar um grupo tão diverso e marginalizado como o que Jojo faz parte e não parece representar. Além disso, é curioso notar que, ao mesmo tempo em que ela se alinha a valores como Deus e família, continua divulgando jogos de azar, algo que claramente prejudica muitas famílias brasileiras. Fica difícil conciliar tudo isso sem uma grande contradição.

Agora, voltando para São Paulo e todas as cidades e estados, minha torcida vai para quem quer sentar na cadeira (sem arremessá-la, claro) e trazer ideias frescas e verdadeiras mudanças. Não desiste, vai ter Boulos! A liderança desses homens, com suas cadeiras voadoras e gritos constantes, já deu errado. Deu errado pro meio ambiente, deu errado para todas as minorias, deu errado para os animais, deu errado pra todos os que vivem na miséria, deu muito errado mesmo! É hora de novas lideranças, que saibam usar a cadeira para dialogar e usem a voz e a garra com conhecimento e razão, além da noção do ridículo.


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

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