Chá de revelação: Mesa posta, climão servido e escândalo de luxo azedando marca
Reprodução/Tania Bulhões
Péssima semana para fazer parte da gestão de crise da Tania Bulhões. A equipe deve estar precisando gerir a própria crise (existencial). Porque, convenhamos, o escândalo foi uma pratada. Ou seria xicrada? Fato é que vão precisar sugerir mais que troca de itens ou devolução para clientes…
Tudo começou quando uma turista munida de olhos atentos e um TikTok conectado, resolveu tomar um chá na Tailândia e se deparou com uma xícara que, veja bem, era idêntica às vendidas por aqui pela bagatela de R$ 210. O detalhe? A peça asiática vinha sem o cobiçado logo da marca de luxo brasileira que vende luxo.
No vapt-vupt da internet, os detetives de plantão foram a fundo e descobriram que a tal xícara (e outras peças que não enfeitam apenas casas de madames, mas também estandes do AliExpress) eram vendidas a preços, digamos, muuuuito mais democráticos. Isso sim, para o consumidor, vale ouro!
Foi a senha para que a internet se organizasse em pólvora para queimar a “exuberância da natureza das antigas fazendas de Minas Gerais”, homenageada “na arte delicada e cheia de detalhes, com cores vivas e frutas tropicais”. Ninguém precisou pagar um centavo para o serviço e, cá entre nós, duvido que em tempos coloniais tivesse o cultivo siciliano. De fato, o limão azedou!
O caso ganhou mais um tempero quando internautas apontaram xícaras semelhantes em cena da novela Cordel Encantado, exibida em 2011. Chegaram a especular que o lançamento da coleção Marquesa, “com desenhos delicados da fauna e flora brasileira em porcelana fina”, teria sido após esse ano. Para assegurar originalidade, a marca informou a criação em 2004, mas o climão já estava posto à mesa.
Agora, com o estrago feito vale lembrar que não é de hoje que marcas que alcançaram certa reputação estão superfaturando o preço com a desculpa do "valor". Mas o valor não se agrega apenas com “filete ‘cor’ de ouro” e o marketing na exclusividade. Reputação se constrói. E se desmorona também, em um gole de chá em qualquer copo limpo em uma busca rápida no Google.
A história deixa uma lição e alerta para as marcas que acreditam que um selo dourado pode justificar qualquer absurdo. Faça por onde que o (alto) preço seja pago. Antes, confira se não tem um turista em algum café do outro lado do mundo prestes a desmascarar um baratino. A informação está cada vez mais instantânea e global, inversamente proporcional à boa fé. No fim das contas, a autenticidade custa bem mais caro do que qualquer xícara com pedigree.

Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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