Luta por cima de batalha: que comecem os jogos!
COB/Reprodução
A expectativa pela festa de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris nos remete a lindas apresentações de um evento grandioso, mas foi marcado também pelo desfile dos uniformes das delegações. E foi aí que a surpresa — ou melhor, o choque — começou: o Brasil, país que tanto tem do que se orgulhar de seus atletas, decidiu exibi-los com uma vestimenta que mais parecia um pesadelo fashion, ou como diria a nossa patroa Anitta, uma verdadeira "desvalorização".
Paris, a capital mundial da moda, recebeu nossos atletas com um uniforme que, ao invés de exaltar a imponência e o brilho dos nossos campeões - que só por terem chegado lá já são vitoriosos, diga-se de passagem -, parecia um convite para o próximo bingo de igreja. O estilo, que lembra a "irmã Zuleide indo fazer feira acompanhada do varão recém-chegado da obra" (sem menosprezar o estilo evangélico e os ofícios árduos), era uma representação do desprezo que o esporte, fora do futebol masculino que tanto tem nos decepcionado, frequentemente enfrenta em nosso país.
Não é sobre moda – uma área que eu sigo com curiosidade e bom gosto maior do que minha conta bancária consegue acompanhar, mas com conhecimento técnico limitado. Enquanto outras nações expõem mantos imponentes para representar seu país e tradições, nossos atletas se destacavam pela simplicidade – e não no bom sentido. O contraste é tão grande que, se o evento fosse um desfile, nossos uniformes seriam a versão nacional dos "pior look do ano". O que mais espanta é que marcas brasileiras renomadas, como a Farm, tentaram oferecer designs dignos de nossos atletas, mas foram rejeitados.
A escolha exibe algo que representa a ausência de incentivo, estrutura, investimento e oportunidades para o esporte nacional. Anitta, sempre voz ativa e crítica, fez questão de ressaltar o vexame em tons de branco, amarelo e azul. Em suas palavras, o uniforme "representa exatamente como o atleta é tratado no país". Resistência é persistir na decisão de ser atleta, enfrentando um caminho repleto de pedras e pouca valorização. Humilhados sendo humilhados para o mundo ver!
Já nos jogos políticos, o cenário internacional está fervendo com a notícia de que Kamala Harris, descendente de mãe indiana e pai jamaicano, está emergindo como uma possível primeira presidente mulher dos Estados Unidos. Embora eu não tenha voto nem poder de decisão sobre as eleições americanas, minha torcida já está pronta! Imagine a vitória: uma mulher negra e de origens diversas assumindo a presidência dos EUA e desbancando Trump. Isso, sim, é uma representação digna que seria motivo de orgulho mundial.
Então, enquanto nossos atletas enfrentam desafios no pódio e na moda, e enquanto os políticos americanos se preparam para novos embates para alcançar uma representação compatível, fica uma reflexão: o valor não é ditado especialmente pelo que se faz e pelo impacto que se deixa. Se a nossa moda olímpica for um símbolo de nossa desvalorização, que pelo menos sirva como um lembrete de que, quando se trata de grandeza, ela é conquistada em ouro, prata e bronze! O esforço, talento e dedicação dos nossos atletas devem ser bem representados e brilhar para além do pódio.
Resta torcer por Kamala, por nossos atletas nas Olimpíadas e para que o próximo uniforme possa representar, de fato, a grandeza e força do Brasil. Se é para ser guerreiro, que pelo menos estejam bem equipados na batalha!
Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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