Oscar 2025: O Brasil sabe que venceu, mas perdeu de novo!
Foto: REUTERS/Aude Guerrucci/Folhapress
No grandioso palco do Oscar 2025, o Brasil finalmente ergueu a estatueta de Melhor Filme - Internacional com "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles - o bilionário com investimentos que a gente respeita.
A produção, baseada nas memórias literárias de Marcelo Rubens Paiva, narra a luta de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar brasileira, e foi aclamada pela crítica internacional. Para nós, a mensagem é mais forte e traz à tona não apenas tempos sombrios do passado, como também reverbera o posicionamento de ir na contramão da ditadura e tudo que ela representa.
Fernanda Torres, que brilhou no papel principal, foi indicada a Melhor Atriz, mas a vitória escapou por entre os dedos, indo para a jovem Mikey Madison por "Anora". A ironia não passou despercebida: décadas atrás, Demi Moore, favorita agora por sua atuação em "A substância", perdeu o Oscar por rejeição ao papel de profissionais do sexo, exaltado nesta edição. A vida imitando a arte, e a crítica do filme refletindo a dura realidade de Hollywood em relação ao envelhecimento feminino. Para Demi era aceitável perder, mas ela perder para Mikey?!
A derrota de Torres trouxe à tona também memórias de 1999, quando sua mãe, Fernanda Montenegro, foi preterida por Gwyneth Paltrow. Parece que a Academia tem uma predileção por novatas envoltas em vestido rosa e futuro pela frente, deixando nossas veteranas de talento mundialmente inquestionável à margem. Elas sabem que venceram e dão aula de humildade. Nós nos revoltamos por elas… e porque não haverá possibilidade de perda em uma próxima geração.
Apesar de não levar o prêmio de Melhor Filme, "Ainda Estou Aqui" furou a bolha de Hollywood. Como vibrou Ivete em comemoração de Copa - merecida uma vez que nas artes cênicas temos referências nacionais das quais podemos nos orgulhar -, “internacional mesmo, porque americano é que não é”! É nosso, é do Brasil, é motivo pelo qual vamos sorrir, sim, cientes da importância de lembrar e aprender com o passado para que erros não se repitam. Porque ainda estamos aqui, nós e as vítimas, da ditadura ou do oscar…

Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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