É PRECISO PERDOAR OS PAIS PARA SEGUIR?
Imagem: areteitech.net/
Por Vanda Araujo
Assisti uma entrevista da Oprah com a atriz Viola Davis na Netflix,. Após a leitura do livro da atriz Oprah a entrevistou e nos presenteia com o relato de Viola sobre o reencontro com sua criança interior ferida.
No seu livro “Finding me” (em português “Me encontrando”), Viola compartilha sua infância dolorosa e traumática, em que viveu com a família em situação de extrema vulnerabilidade e pobreza. Ela relata ter sido uma criança rejeitada e agredida na escola, sofreu abuso sexual e tinha um pai alcóolico e muito violento.
Viola, atriz negra mais premiada no mundo, transmite uma coragem inspiradora quando fala sobre como foi chegar à sua posição: ter dinheiro, fama, reconhecimento e ainda assim, sentir um profundo vazio. E então percebe que precisa voltar para resgatar sua criança. Que a menininha insegura e machucada ainda vivia nela, ainda definia sua forma de sentir e escolher. E encontra na terapia a ajuda que necessitava para integrar sua história.
Durante o evento especial ela fala sobre o perdão ao seu pai, que batia muito na mãe, nela e nos irmãos. E eis aqui o tema da nossa “conversa”.
É preciso perdoar os pais para seguir em paz com a vida?
Te respondo, NÃO. Nós não precisamos perdoar nossos pais. No meu trabalho com a criança interior eu falo sobre integrar a nossa história. É sobre devolver a humanidade de nossos pais. Isso significa tirá-los do pedestal das crenças em nós incutidas de que eles não erram, de que tem sempre razão, de que não podem ser desobedecidos, enfim, são perfeitos. E também cuidar para não usá-los como bodes expiatórios, como se somente tivessem cometido erros.
Eles, como nós, são humanos, e portanto imperfeitos. Acertamos e erramos, fazendo aquilo que nos é possível a cada momento. Com ou sem a consciência das dores que carregamos - e estas na inconsciência machucam profundamente.
Humanizá-los nos humaniza também. E nesse processo é possível reconhecer o quanto recebemos deles. Porque nem tudo é sobre falta. Algo também esteve disponível. E muitas vezes nossos julgamentos nos impedem de acessar o que recebemos.
Com pais que foram ou são profundamente adoecidos, se dificulta a convivência, como adultos, podemos (ou até mesmo devemos) nos afastar. E não é que se deixou de amar, mas estabelecer novas formas de se relacionar a fim de proteger a si mesm@ e recomeçar a cultivar um vínculo mais saudável.
Porém, uma atitude que fará toda a diferença é a forma como deve acontecer esse afastamento.
Como se deve estabelecer os limites? Com que postura?
Evitar uma postura julgadora, como se fôssemos melhores que eles, pois assim há perda da força de realização. De forma contrária, quando reconhecemos seus limites, daquilo que puderam nos dar e das suas dores, podemos nos afastar e deixar com eles a responsabilidade que é deles. Seguindo apenas com aquilo que é nosso, retomamos a energia para cuidar das nossas dores, da frustração de não termos a relação que idealizamos.
Já pensou que talvez eles não sejam os pais que a nossa criança ferida gostaria de ter tido, mas talvez também não sejamos os filhos que eles, com suas crianças internas feridas, gostariam de ter tido.
O autoconhecimento pode te ajudar a adquirir uma postura de consciente de que não precisa se submeter a uma relação adoecida, mas se perceber capaz de olhar para além da mãe e do pai: para o homem e a mulher. Para a menina e o menino. Não para salvá-los, mas para tirar o peso que você carrega. Aquilo que eles não puderam dar ou a forma como te feriram não diz sobre você, e sim, sobre eles.
Se você já me “conhece” já leu ou ouviu que pessoas feridas, ferem muito.
Libertá-los é libertar-se!
Lembre-se, aquilo que nos faltou também é recurso. Se observe com o coração aberto e reconhecerá.
E se quiser ajuda para trilhar esse caminho, que não é só de dor mas de muito crescimento, te convido para o reencontro com a sua criança interior!
Eu posso te ajudar!
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Sobre a autora: Eu sou Vanda Araujo (abreviatura, viu?!). Sou graduada em Psicologia, especialista em Terapia Familiar Sistêmica, com formação em Terapia Comunitária Integrativa e em Análise Corporal. Atendo adultos (individual e casal) de forma predominantemente remota e te afirmo que a maior distância entre as pessoas não é geográfica, é afetiva. Não importa em que parte do mundo você esteja, a distância é indiferente. O que é realmente importante é a relação sincera e confiável que estabelecemos entre eu e você.
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Laís Sousa
Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!@laissousa_
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