Entre Linchamentos e Privilégios: O Nó da Redoma Social

  • Laís Sousa

Foto: LinkedIn Negras Plurais

Em tempos onde uma postagem pode gerar tempestades digitais, o episódio envolvendo Carol Oliveira, da Negras Plurais, e Luisa Sonza é um exemplo contundente. Carol, fundadora da Negras Plurais, uma organização que promove talentos e causas negras, divulgou Luisa Sonza como embaixadora da marca. Em meio a especulações, a decisão gerou uma onda de críticas, com muitos questionando a escolha de uma artista branca com histórico de racismo. A reação foi tão intensa que a página da Negras Plurais (@negrasplurais) enfrentou o risco de ser retirada do ar devido a denúncias.

Luisa Sonza respondeu com uma postura de respeito, afirmando que, apesar dos aprendizados e de seu desejo de ajudar sem se expor, respeitava as decisões de Carol. Sua declaração foi mais sobre seu desejo de contribuir de maneira sensível do que sobre a gestão da Carol. Certamente a reação “punitiva” beirando a injustiça não veio de pessoas brancas como a cantora… estamos precisando rever o posicionamento, além de um copo d’água.

No campo dos privilégios, Thiago Frangoso, um ator ‘profético’, expressou sua frustração sobre a falta de papeis para homens brancos heterossexuais nas novelas. Sua afirmação foi recebida como um reflexo do desconforto com a redistribuição de oportunidades e a crescente demanda por diversidade. A reação de Frangoso revela uma dificuldade em aceitar que a inclusão de novas representações pode significar a redistribuição de privilégios, e não a eliminação deles. Preocupante! [O nível de alienação do “branco drama”, claro.]

Em tempo, as acusações de assédio contra o Ministro responsável pela pasta de Direitos Humanos, Silvio Almeida levaram a uma reação pública polarizada. A maneira como o assunto foi tratado frequentemente reforçou estereótipos e simplifica questões complexas sobre o papel da branquitude e a natureza das acusações. Assim como um branco, em crença popular, não representa a todos em atitudes racistas, um negro que erra, também não!

Como Martin Luther King, Jr. disse: “Estamos presos em uma rede inescapável de mutualidade, amarrados em uma única vestimenta de destino. O que quer que afete um diretamente, afeta a todos indiretamente.” Essa visão serve como um lembrete contundente de que todos estamos interligados e que as batalhas individuais são, na verdade, batalhas coletivas. O fortalecimento do pacto da negritude não é apenas um ato de solidariedade, mas uma necessidade para que possamos avançar como sociedade.

[Para deixar claro: O fortalecimento do pacto da negritude não é uma postura excludente à branquitude. É um movimento crucial para a promoção da justiça social e igualdade. A ideia é que, ao unir forças, a comunidade negra pode enfrentar e superar as barreiras que ainda existem em várias esferas da sociedade, incluindo representatividade na mídia, oportunidades no mercado de trabalho e igualdade de tratamento.]

Seja no espaço da marca, na televisão ou nas estruturas de poder, o desafio é o mesmo: reconhecer e redistribuir o espaço de maneira justa. Afinal, a verdadeira mudança não vem da manutenção do status quo, mas da coragem de enfrentar os preconceitos e lutar por um sistema mais igualitário. À medida que navegamos por essas questões nunca é demais lembrar que as batalhas por justiça e inclusão são, na verdade, batalhas coletivas.


Laís Sousa

Jornalista-marketeira-publicitária comunicando em redes sociais de segunda a sexta. Escritora e viajante nas horas cheias e extras. Deusa, louca, feiticeira com trilha sonora em alta. Leitora, dançarina e pitaqueira por esporte sorte. Vamos fugir!
@laissousa_
laissousazn@gmail.com

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