Dia de Star Wars de 2025 é marcado por incertezas sobre o futuro da franquia

Que a Força esteja com vocês durante essa leitura.

Mundialmente, de maneira informal, os fãs da saga Star Wars comemoram no dia 4 de maio o Dia de Star Wars. A ideia surgiu por conta de uma semelhança que as pessoas notaram entre as pronúncias do famoso termo usado pelos personagens: “May the Force be with you” (que a Força esteja com você) com o quarto dia do mês de maio: “May the fourth”. O trocadilho começou a ser usado em meados da década de 1980 e permanece até hoje.

A franquia surgiu da mente de George Lucas, um jovem diretor que buscava sua ascensão na década de 1970. Na época, o cineasta planejava fazer uma adaptação do herói Flash Gordon para os cinemas, mas após não ter conseguido os direitos do personagem, George pegou algumas referências e decidiu criar ele mesmo a sua própria história ambientada em uma galáxia muito, muito distante. Talvez esse tenha sido o maior efeito borboleta da história não só do cinema, mas da cultura pop como um todo.

A ideia era bem vista por alguns produtores, entretanto, por ser “inovadora demais”, George Lucas recebeu um “não” de diversos estúdios antes que o projeto fosse, por fim, aprovado pela 20th Century Fox. No contrato, o diretor abriria mão de seu salário durante a produção, mas em troca receberia 40% dos lucros do filme, direitos sobre uma sequência e, principalmente, direitos de merchandising sobre qualquer produto licenciado da franquia.

Um impacto imediato

Com um orçamento reduzido, mas uma ideia brilhante, o filme intitulado originalmente como Star Wars, ou A Guerra das Estrelas, no Brasil, foi lançado em 25 de maio de 1977. A história gira em torno do jovem fazendeiro Luke Skywalker, que acaba se envolvendo na guerra entre o Império Galáctico e a Aliança Rebelde, após assistir a uma transmissão da Princesa Leia, líder Rebelde, pedindo por ajuda.

O filme representou um sucesso tão absurdo, que a partir dele é dado início à chamada “Era dos Blockbusters”, caracterizada por produções com alto uso de efeitos visuais, grandes campanhas de marketing e o advento da criação de produtos licenciados das grandes franquias, uma nova forma de ganhar dinheiro além das bilheterias. Star Wars (posteriormente nomeado como Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança) foi a maior bilheteria da história na sua época e garantiu uma primeira trilogia.

Fila para assistir ao filme em Londres, 1977. Foto: Empics/PA

Posteriormente, as sequências “O Império contra-ataca” e “O Retorno de Jedi” foram lançadas respectivamente em 1980 e 1983. A partir de todo o impacto gerado pelos filmes, uma nova forma de fazer cinema foi estabelecida.

A aquisição da Disney

Após o sucesso da primeira trilogia, uma segunda foi feita pela Lucasfilm (produtora detentora dos direitos de Star Wars) entre o final dos anos 1990 e o começo dos anos 2000. Com o intuito de contar o prelúdio dos primeiros filmes, essa nova trilogia não foi tão bem aceita, pois já começava a apresentar alguns problemas que ficariam ainda mais evidentes tempos depois.

Toda essa contextualização existe para mostrar que Star Wars pode sim ser uma grande saga, mas que teve seu potencial mitigado por decisões executivas infelizes, uma após a outra. Um divisor de águas que eu aponto para a perda na qualidade da franquia foi a aquisição da Lucasfilm pela Disney, em 2012.

Após a compra, a falta de planejamento ficou evidente já na nova trilogia que começou em 2015, justamente o lugar onde os erros não deveriam aparecer. Os episódios VII, VIII e IX não foram devidamente idealizados como uma trilogia, tendo em vista que houveram duas trocas de diretor durante a produção, o que não deu espaço para o desenvolvimento de conceitos e uma continuidade na linha narrativa. O que um diretor apresentou no episódio VII foi destruído por aquele que dirigiu o episódio VIII e vice-versa, até o péssimo desfecho no episódio IX.

Star Wars: O Despertar da Força (2015). Reprodução: Lucasfilm/Disney

Esse desfecho, que quase me fez abandonar a franquia, denuncia o constante foco que dão nos cinemas à família Skywalker. Em uma saga que possui toda a extensão do universo para ser explorada e contar novas histórias, a decisão de continuar insistindo em uma única família destaca uma carência de ideias e um medo muito grande de se arriscar na criatividade. Toda grande franquia pode se apoiar em suas figuras icônicas, mercadologicamente falando essa é a coisa mais segura a ser feita, mas quando isso é utilizado à exaustão, até mesmo o maior dos fãs percebe o abuso que isso está se tornando.

Para ser justo, Star Wars teve sim ótimas produções sob o comando da Disney, como as séries O Mandaloriano (2019), Obi-Wan Kenobi (2022) e Andor (2022) e o filme Rogue One: Uma História Star Wars (2016). Com um foco muito menos megalomaníaco e histórias muito mais direcionadas em um pequeno eixo de personagens e planetas, os produtores e roteiristas puderam explorar muito mais a própria criatividade e revigorar a saga com narrativas novas e originais.

Star Wars tem falhado em atrair um público novo e a insistência no mesmo modelo de produção de quase 50 anos atrás tem dificultado essa tarefa. O próximo episódio tem previsão de estreia para o ano que vem e, além dele, o filme O Mandaloriano & Grogu está em produção e também é esperado para o próximo ano. Entre decisões executivas e mercadológicas, a franquia deveria enfatizar as decisões criativas, com novas ideias, novos personagens e, acima de tudo, novas formas de se contar uma história.


Allan Victor

Formando do curso de jornalismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Fundador do canal do YouTube sobre cultura pop e história intitulado Pop Show TV.

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